Tive, neste fim de 2010, um desses encontros espantosamente reveladores com o meu eu mais íntimo. Não, não fui para o Ártico ou para algum retiro budista. A verdade é que quase fui dessa para melhor, no sentido literal do termo. E não há nada mais revelador do que achar que você vai morrer.
Não vou entrar no detalhe do que de fato aconteceu, porque é de foro íntimo. Mas imagine que foi muito ruim, tipo um acidente ou algo que o valha. De certo que coisas assim te mostram certas verdades. E, claro, te levam a fazer certas perguntas e ter certos questionamentos. No meu caso, me fiz apenas um: cheguei onde gostaria?
A resposta é claramente negativa. Mas, não me entenda mal, não sou do tipo frustrado que está parado no tempo vivendo às custas de sabe-se lá quem. Não. Pago minhas próprias contas desde que tenho 16 anos. E me sinto muito feliz por isso. Já dei algumas viradas na minha vida, quando tudo ao meu redor parecia cômodo o suficiente para que eu não movesse uma palha diante do meu nariz. Mas nem por isso olho para trás e digo que fiz tudo o que gostaria de fazer.
Naquele momento entendi uma coisa que aparentemente levarei para o resto da minha vida: eu nunca responderei sim para aquela pergunta. A verdade é que nunca chegarei a um ponto onde me sinta plenamente confortável. Acho honestamente que todo o ser humano deve ter mais expectativas do que certezas. A busca por uma eterna auto-realização é o melhor combustível para uma vida plena de sentidos.
E se assim penso, devo me manter sereno diante dessa aparente ansiedade permanente. A vida trata de premiar aqueles que possuem sonhos, que perseveram em seus objetivos e que, mesmo realizando-os constantemente, estão sempre atrás da próxima cenoura. Porque sem isso, a vida é apenas um amontoado de rotineiros momentos.
Feliz 2011 e boas cenouras pelo caminho!