Aposto 100 surreais com você que se eu perguntar a 10 pessoas se elas são a favor de políticas sociais, 9 delas responderão com um sonoro "claro". Transferências, assistência social, previdência pública, bolsa família, saúde pública, educação pública, segurança pública etc. Como social-liberal, a priori, também não sou contra uma "agenda social". Creio que certos instrumentos sejam necessários para proporcionar maior igualdade de oportunidades entre os indivíduos. Economias de mercado não funcionam bem, afinal, se as pessoas são muito desiguais, dado que toda a sorte de conflitos fica latente. Esse é um ponto. Outra questão, talvez mais importante, é a seguinte: quem vai pagar a conta? Pode ser o economista que existe dentro de mim falando, mas o gráfico ao lado, elaborado pelo também economista Renato Lerípio, me dá arrepios. Isto porque, quando leio entrevista do ex-secretário da Fazenda, Nelson Barbosa, só o que me vem à mente são "mais gastos". Ou seja, a linha ascendente das despesas se encontrará rapidamente com a linha "constante" das receitas. As demandas sociais não parecem caber no "orçamento público", como nota aqui o brilhante Samuel Pessôa. Para aquecer o debate, uma bela réplica de Alexandre Schwartsman aqui. Só reformas estruturais, que tornem a produtividade da economia brasileira crescente, poderão fazer com que possamos pagar essa conta. O modelo de "economia social de mercado" alemão é um bom exemplo.