
Apesar de ainda não podermos comparar o atual momento dos alimentos com os choques de 2012/13, 2010 e 2007/08, observa-se que a contribuição mensal, medida em desvios-padrão, saiu de 0,7 em fevereiro para 1,4 em março - o círculo em azul do gráfico. Ela havia sido de 1,2 em janeiro. Não é, ainda, um efeito dos problemas nas commodities, mas da estiagem no Brasil, que prejudica alimentos in natura, concentrados nos itens tubérculos, raízes e legumes (13,24% em março) e hortaliças e verduras (12,72%). Esse aumento, entretanto, não preocupa muito, dado que o ciclo de produtos in natura é bastante curto. O aumento de preços incentiva produtores a produzirem mais, o que reduz os preços no período seguinte. Um problema maior é, justamente, uma elevação nas commodities, que possuem efeitos secundários sobre outros preços da economia.
Em assim sendo, a piora nas expectativas tende a ser arrefecida, em algum grau, quando tivermos maiores informações sobre a real dimensão desse choque de oferta. Um fator de pressão mais perene, entretanto, é o comportamento dos preços administrados e dos serviços, que mostram tendência de elevação ao longo do ano, dado o advento da copa do mundo e o represamento dos administrados nos últimos anos. De todo modo, é um canal importante que tem sido obstruído para a transmissão do ciclo de contração monetária. Em CNTPs significa que o Copom deveria levar esse ponto em consideração na próxima reunião.
