Inflação alta de 2015 não é só energia elétrica

ipcasemenergiaÉ verdade que o forte aumento de energia elétrica entre janeiro e abril desse ano teve pesado impacto sobre a inflação do período [no IPCA-15, o item energia elétrica residencial acumula alta de 38,51%]. Apesar disso, seria equivocado dizer que a inflação alta desse ano é causada apenas pelo choque elétrico. Ao abrir o IPCA-15, disponível aqui para interessados, podemos retirar esse item do índice e verificar como se comportou a inflação no período sem influência direta do aumento de energia - efeitos indiretos, sobre outros preços, claro, são mais difíceis de serem retirados. Ao fazer isso, podemos observar que a inflação acumulada nos quatro primeiros meses do ano sai de 4,61% para 3,59% - as contas aqui. Alta ou baixa? Podemos comparar com os primeiros quatro meses de outros anos para ter uma ideia. É o que faço no gráfico ao lado [clique para melhor visualizar]. A inflação de 2015 só é menor do que a de 2003, essa influenciada pelo repasse cambial da eleição do ex-presidente Lula. Outra forma de ver como a inflação está consolidada no país é verificar a difusão (a quantidade de bens e serviços que sofreram variação positiva de preços): ela foi de 70,3% em média nos primeiros quatro meses de 2015. Bom, energia elétrica sozinha foi importante, mas não dá para dizer que é só isso, não é mesmo? Alguém pode pensar no câmbio e no repasse da atual desvalorização [assunto para outro post], mas a difusão do processo, bem como a análise ampliada do mesmo [como os núcleos de inflação] deixa dúvidas sobre se a inflação está elevada apenas por um realinhamento de preços. Com a palavra, o Banco Central...

Compartilhe esse artigo

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email
Print

Comente o que achou desse artigo

Outros artigos relacionados

Estamos em pleno emprego no mercado de trabalho?

Este artigo investiga se o mercado de trabalho brasileiro atingiu o nível de pleno emprego, utilizando uma estimativa da NAIRU (Non-Accelerating Inflation Rate of Unemployment) baseada na metodologia de Ball e Mankiw (1997). Através de uma modelagem em Python que unifica dados históricos da PME e PNAD Contínua com as expectativas do Boletim Focus, comparamos a taxa de desocupação corrente com a taxa neutra estrutural. A análise visual e quantitativa sugere o fechamento do hiato de desemprego, sinalizando potenciais pressões inflacionárias. O texto detalha o tratamento de dados, a aplicação do Filtro Hodrick-Prescott e discute as vantagens e limitações da metodologia econométrica adotada.

Como se comportou a Taxa de Participação no Brasil nos últimos anos? Uma Análise com a Linguagem R

O objetivo deste estudo é analisar a evolução da Taxa de Participação no Brasil, contrastando-a com a Taxa de Desocupação e decompondo suas variações para entender os vetores (populacionais e de força de trabalho) que influenciam o comportamento atual do mercado de trabalho. Para isso, utilizamos a linguagem R em todo o processo, desde a coleta e o tratamento das informações até a visualização dos resultados, empregando os principais pacotes disponíveis no ecossistema da linguagem.

Como se comportou a inflação de serviços no Brasil nos últimos anos?

Uma análise econométrica da inflação de serviços no Brasil comparando os cenários de 2014 e 2025. Utilizando uma Curva de Phillips própria e estimativas da NAIRU via filtro HP, investigamos se o atual desemprego nas mínimas históricas repete os riscos do passado. Entenda como as expectativas de inflação e o hiato do desemprego explicam o comportamento mais benigno dos preços atuais em relação à década anterior.

Boletim AM

Receba diretamente em seu e-mail gratuitamente nossas promoções especiais e conteúdos exclusivos sobre Análise de Dados!

Boletim AM

Receba diretamente em seu e-mail gratuitamente nossas promoções especiais e conteúdos exclusivos sobre Análise de Dados!

como podemos ajudar?

Preencha os seus dados abaixo e fale conosco no WhatsApp

Boletim AM

Preencha o formulário abaixo para receber nossos boletins semanais diretamente em seu e-mail.