Um drama chamado BNDES

O jornal Valor Econômico publicou hoje, 15 de setembro, dia do aniversário de seis anos da quebra do banco Lehman Brothers, uma matéria de página inteira sobre mais uma aberração econômica envolvendo o BNDES, o principal braço "parafiscal" do governo. No banco trabalham muitos amigos meus, que estudaram comigo na UFRJ e por isso fico triste por vê-lo ser utilizado dessa maneira. Sei da competência do seu corpo técnico, bem como acho extremamente válido, seja em termos micro quanto macroeconômicos, o papel que o banco tem em setores como inovação e infraestrutura, por exemplo, onde o crédito privado não necessariamente entraria. O uso de repasses do Tesouro, que hoje somam mais de R$ 400 bilhões, contudo, é a essência do que hoje os economistas classificam como "contabilidade criativa".

A "nova" aberração foi a renegociação de parte desse montante, envolvendo o Tesouro e o BNDES. Para simplificar, o banco ganhou aumento de carência e prazo para efetuar o pagamento de cerca de R$ 194,15 bilhões. Isso significa, nos cálculos de economistas convidados pelo jornal, um impacto de até R$ 40 bilhões aos cofres públicos, dados os subsídios implícitos envolvidos nessas operações. Na minha visão é até pior: o fato do banco ter feito essa renegociação indica que provavelmente não está recebendo o dinheiro que emprestou. O que era previsto, não é mesmo? Eu recomendo que você tome um engov, se abolete na poltrona da sala em algum momento dessa semana e dê uma lida na matéria. Está bem simples de entender. Os links aqui, aqui e aqui. Ademais, para quem quiser entender mais sobre contabilidade criativa e finanças públicas, recomendo o blog do Mansueto aqui. Ele tem, ao longo dos últimos anos, prestado um serviço essencial ao país - e sofrido muita crítica interna, claro.

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