Igualdade de oportunidades educacionais

Já escrevi vários artigos de opinião sobre o tema "igualdade de oportunidades educacionais". Minha preocupação nesse campo esteve na maior parte das vezes concentrada no ensino superior e na complexa economia política que suporta o fato de O Brasil já ter investido 10 vezes mais nesse nível de ensino do que na educação básica como um todo - hoje esse número caiu pela metade. Dessa focalização nasceram boas perguntas, tais como "por que as universidades privadas brasileiras são, na média, de qualidade questionável".

Ultimamente, entretanto, com o crescimento estrondoso das matrículas no ensino básico e a necessidade de implementar qualidade no sistema público, minhas preocupações tem sido voltadas para o próprio conceito de igualdade de oportunidades educacionais. Qual é, de fato, a diferença de oportunidades que existe entre diferentes classes sociais no Brasil? A intuição diz que um menino que nasce de uma família de classe média alta já sai na frente de um menino que nasce em uma família de baixa renda. Mesmo com a universalização do ensino fundamental na última década de 90, o cenário de "igualdade de oportunidades educacionais" mudou muito pouco nos últimos anos.

O esforço que um morador de uma favela tem que fazer para chegar a uma universidade estatal - tida, na média, como de melhor qualidade - é absurdamente maior do que o esforço empreendido por um morador da zona sul carioca, por exemplo. Isso é derivado, obviamente, do ambiente em que ambos vivem. Esse último é marcado por uma completa falta de igualdades de oportunidade educacionais, estruturada por fatores que não são controlados pelos participantes do sistema educacional.

Minha pesquisa atual em Economia da Educação está concentrada na elaboração de índices de igualdade (ou desigualdade) de oportunidades educacionais no Brasil. O quanto o background familiar, a própria estrutura de governança do sistema básico público de educação, dentre outros fatores, influenciam em uma maior ou menor igualdade de oportunidades educacionais.

Temos a idéia de que antes de falar em desigualdade de renda - tema amplamente estudado e divulgado pela impresa brasileira - é preciso definir a causa dessa desigualdade. A existência de parcas oportunidades educacionais para os mais pobres parece ser uma pista e tanto.

 

Para que quiser saber mais, recomendo a leitura de John Roemer.

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