Meritocracia no serviço público, o IMPA e a nossa primeira medalha Fields!

A notícia não é sobre economia, mas não poderia deixar de escrever sobre ela. O matemático carioca Artur Avila foi laureado hoje com a medalha Fields, o "Nobel da matemática". Nas palavras do diretor geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), César Camacho: "É resultado de um longo trabalho de construção do Impa como centro de excelência da matemática mundial nos últimos 62 anos. Somos uma instituição aberta, com muitos contatos e interação com outras no exterior, e na qual tudo é feito com base no mérito". 

Pois é, vou repetir: uma instituição aberta, com muitos contatos e interação com outras instituições no exterior, e na qual tudo é feito com base no mérito. Em 2001 o IMPA se transformou em Organização Social, firmando contratos de gestão com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O que a instituição ganhou com isso? Ela mesmo diz em seu último relatório de gestão [2013]: "Em 2001 o quadro de pesquisadores do IMPA contava com 29 matemáticos, todos servidores públicos cedidos à Organização Social IMPA, e mais três pesquisadores eméritos. Desses 29, 13 estariam em condições de se aposentar até 2013, mais 5 até 2025 e outros 11 até 2036. A estratégia adotada nos dois primeiros contratos com o aval do Conselho de Administração previa uma urgente reposição do quadro de pesquisadores fortalecendo-se, em especial, as dez áreas existentes no IMPA. Nos últimos onze anos essa estratégia foi seguida à risca: contrataram-se 18 novos pesquisadores, listados a seguir, tendo sido fortalecidas oito das dez áreas de pesquisa existentes".

A transformação em OS envolve uma série de indicadores, que devem ser seguidos para que o repasse do recurso possa ser feito, como pode ser visto no último contrato realizado pela instituição aqui. É claro que o fato do IMPA ser uma instituição singular em sua área não deriva do fato dela ser uma OS, mas isso traz uma tremenda flexibilidade para a instituição, que está aberta a receber recursos de outras fontes que não o Tesouro, bem como tem de dar explicações toda vez que receber verbas públicas. 

A façanha do IMPA bem que poderia iluminar o pobre debate brasileiro sobre meritocracia no serviço público, não? O instrumento de Organização Social ficou famoso no Rio quando foi aplicado a hospitais e UPAs. Não estou dizendo que seja um modelo que possa ser replicado para todo o serviço público, mas acho que deve ser no mínimo analisado a sério e não com o preconceito de sindicatos e demais interessados na manutenção do status quo. Parabéns a todos os envolvidos no IMPA, em particular ao Artur, que hoje trabalha em Paris. Todos os brasileiros deveriam estar muito felizes! Por fim, adivinha onde será o próximo Congresso Internacional de Matemáticos, que distribui a medalha? Pois é... 🙂

 

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