O ponto de interrogação se justifica, leitor. Ainda não tenho 100% de certeza se a indicação de Joaquim Levy para a Fazenda significa, de fato, o fim do ensaio heterodoxo visto nos últimos quatro anos. É sempre possível, afinal, que a sua indicação seja apenas um passo atrás no firme projeto desenvolvimentista de Dilma Rousseff na presidência. Apenas um recuo diante dos estragos causados pela nova matriz econômica. Recomposta a situação fiscal, será que Dilma não voltaria para o modelo agora abandonado? É sempre um receio que rondará o seu governo. Levy é um técnico de conhecida reputação. Foi responsável, entre outras coisas, pela quase eliminação dos títulos indexados a câmbio na dívida interna, bem como a significativa redução dos títulos atrelados à Selic, no primeiro mandato de Lula. Tais medidas tiveram grande impacto no enfrentamento da crise. A política responsável de Levy possibilitou, em conjunto com diversas outras, o uso intensivo de política econômica anticíclica no pós-2008. Ademais, cabe lembrar, que ele foi contra [de forma correta, a meu ver] o modelo de partilha no pré-sal que tão mal fez - e continuará fazendo - à Petrobras. Se contrapôs à Dilma Rousseff, para quem quisesse ver e ouvir, quando ele era secretário do Tesouro e ela ministra. Conversarão, agora? Terá Levy autonomia para fazer o que é preciso? Ou seja, tocar o ajuste fiscal e impedir que o grau de investimento seja perdido? E isso significa um enterro das ideias que perpassaram a construção da nova matriz econômica ou apenas recesso temporário? Afinal, os economistas que defendem essas ideias continuarão por aí. No mais, fico feliz em ver que Guido Mantega e Miriam Belchior deram lugar a Levy e Barbosa. É uma pequena demonstração de que o Brasil, de fato, não pode ser comparado à Argentina... E isso é monumental, leitor, não tenha dúvidas! 🙂