Tenho visto muita gente sendo contra a PEC 241, aquela que busca limitar o crescimento dos gastos do governo e que deve ser votada hoje na Câmara dos Deputados. A medida é boa porque enfrenta um problema grave da economia brasileira: o crescimento constante da despesa nos últimos vinte anos. Para ilustrar, consideramos no gráfico abaixo as receitas e despesas primárias do governo central, acumuladas em 12 meses, a preços de setembro de 2016.
Note o leitor que mesmo desconsiderada a inflação do período, a despesa primária só fez crescer, entre dezembro de 1997 e agosto de 2016. No período recente, destacado na área hachurada, a manutenção dessa tendência de crescimento combinada com a queda real da receita transformou superávit em déficit primário, como pode ser visto no segundo gráfico, abaixo.
O efeito imediato desse comportamento é o aumento do endividamento do governo, situação capturada no terceiro gráfico, abaixo.
Observa-se que limitar o crescimento do gasto público não é mais questão de escolha: ou fazemos isso ou voltamos à hiperinflação. Isto porque, no momento em que o governo não mais conseguir rolar essa dívida, passará a emitir moeda para financiar seus gastos, o que, naturalmente, gerará um inflação em ascensão.
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FONTE DOS DADOS: Banco Central e Tesouro Nacional.