Com a divulgação dos dados do PIB de 2012 pipocaram artigos, entrevistas e discussões sobre o fato de que o Brasil deveria aumentar a taxa de investimento para sustentar um crescimento mais acelerado. Isso, de fato, é verdade, leitor. Se quisermos crescer - de forma sustentável - a 5% ao ano, é preciso ter uma taxa de investimento perfilando ao redor de 25% do PIB - em 2012 ela fechou em 18,1%. Mas o diabo, leitor, são os detalhes! De toda a renda gerada pela produção de bens e serviços finais ao longo de determinado período (a definição de PIB), em média mais de 60% é destinada ao Consumo das Famílias. Ademais, cerca de 20% em média é destinada ao Consumo do Governo. O leitor atento já percebeu que uma parte muito pequena "sobra" para que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) suba. Essa realidade está posta no gráfico acima.
A questão, então, é investigar até que ponto é possível aumentar a participação da FBCF, dada essa elevada relação Consumo/PIB. Essa é, na minha concepção, o grande desafio para tornar a a taxa de investimento mais alta no país, fazendo com que o nosso crescimento possa ser maior e sustentável - sem gerar desequilíbrios, como inflação e aumento do déficit em conta corrente. Infelizmente, eu não sou otimista a esse respeito. Isto porque, o consumo depende de preferências intertemporais dos agentes. Notadamente, há no Brasil uma tendência a antecipar o futuro, o que explica a nossa baixa taxa de poupança - 14,8% do PIB. Isso é fruto de uma estrutura de incentivos, como a existência de uma previdência pública e ensino superior gratuito, por exemplo. Além disso, como visto, os gastos correntes do governo ocupam uma parte relevante do PIB. É salutar que existe uma gordura ai que poderia ser reduzida, se o gasto público fosse mais eficiente. Isso abriria espaço para aumentar o Investimento Público, que é baixíssimo no Brasil.
Desse modo, observo que aumentar a taxa de investimento passa por mudanças que não são de forma alguma simples de serem feitas. Exigem mudanças contundentes em instituições formais e informais, arraigadas há muito tempo em nossa sociedade. Sem falar na forma como o governo mantém a máquina pública funcionando. Nada trivial, daí meu pessimismo em relação a esse ponto. E eu nem falei na melhoria da educação e nos mecanismos institucionais que geram aumento da produtividade...