Bolsonaro, enfim, fez o que dele se esperava desde o início do mandato: "dilmou". A demissão do presidente da principal estatal brasileira foi um banho de água fria para investidores domésticos e estrangeiros. O problema aqui vai além da Petrobras em si e afeta praticamente toda a política econômica do atual governo. Em campanha, Bolsonaro flertou com o liberalismo, alimentando-se de um sentimento "antiestadismo" pós-operação Lava Jato. Eleito, porém, era visível o desconforto do Presidente da República com a agenda liberal. Era, portanto, questão de tempo que o seu passado intervencionista desse o ar da graça.
Investidores domésticos e estrangeiros, por óbvio, irão colocar isso no preço. Para ilustrar, vamos nesse Comentário de Conjuntura olhar as ações de três empresas estatais: Banco do Brasil, Eletrobras e Petrobras. Além disso, vamos ver o que aconteceu com o Ibovespa, dados os eventos recentes.
Os membros do Clube AM, como sempre, têm acesso aos códigos completos desse Comentário e também a um vídeo explicativo sobre como rodar os códigos.
Vamos começar, como de praxe, carregando alguns pacotes de R.
library(tidyverse) library(quantmod) library(timetk) library(scales) library(tidyquant)
Feito isso, podemos pegar os dados de ações dessas três estatais a partir da base de dados do yahoo finance.
symbols = c('PETR4.SA', 'BBAS3.SA', 'ELET6.SA') prices = getSymbols(symbols, src='yahoo', from='2020-01-01') %>% map(~Ad(get(.))) %>% reduce(merge) %>% `colnames<-` (symbols) %>% tk_tbl(preserve_index = TRUE, rename_index = 'date') %>% drop_na() %>% gather(variavel, valor, -date)
Com os dados carregados, nós podemos gerar um gráfico da ação da Petrobras.
A ação da Petrobras sofreu uma queda de 21,5% nessa segunda-feira, mostrando o descontentamento do mercado com a interferência política do Palácio do Planalto sobre a estatal. Para além da Petrobras, será que tivemos queda nas outras estatais? O gráfico abaixo ilustra.
O Banco do Brasil também parece ter sofrido com o "efeito Petrobras": a ação do Banco teve queda de 11,6% nessa segunda-feira. A Eletrobrás, por outro lado, não parece ter sentido impacto relevante, ao menos por enquanto.
E o IBOVESPA?
O Índice Bovespa acabou sendo levado pelo mau humor dos investidores com a interferência política e fechou com queda de quase 5% nessa segunda-feira.
Difícil dizer como acabará o governo Bolsonaro, mas uma coisa parece cada vez mais clara para quem acompanha a política econômica: o flerte com o liberalismo está sepultado.
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