Uma característica marcante da economia brasileira, o descompasso entre oferta e demanda, continuou no terceiro trimestre. Enquanto os componentes da oferta agregada cresceram em média 2,7%, os componentes da absorção doméstica subiram 3%, no acumulado em quatro trimestres. O resultado direto disso é que as importações acumulam alta de 7,2% em 12 meses. Esse desequilíbrio é fruto direto dos incentivos de política econômica, que anabolizam os componentes de demanda e não atacam as restrições impostas à oferta. Não à toa, a inflação acumulada em 12 meses, medida pelo IPCA divulgado hoje, está em 5,77%, bem distante da meta de 4,5%. Nesse cenário, mesmo com todas as dificuldades para 2014, como discutido na Carta de Dezembro, torna-se ainda mais difícil a operacionalização da política monetária. O Banco Central terá uma decisão complexa no próximo ano, ao decidir pela continuação do processo de ajuste da taxa de juros ou pela sua paralisação, sob o custo de não fazer convergir as expectativas de inflação. Com o resultado, a previsão para o crescimento em 2013 foi alterada para 2,4%, considerando um aumento de 0,6% no último trimestre do ano. A aguardar.