Recentemente eu abordei a questão do baixo desemprego no Brasil pela ótica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Na oportunidade procurei correlacionar os programas do governo na área de educação (FIES, Prouni e PRONATEC) com a redução do desemprego no período de 2009 a 2012. Os dados sugerem que o desemprego caiu na faixa etária de 15 a 24 anos muito mais por saída de pessoas do mercado de trabalho (ou não entrada) do que propriamente por criação de vagas para essa parcela da população. A curiosidade acabou me levando a testar a hipótese com a nova pesquisa do IBGE, a PNAD Contínua. Vamos a ela.
A tabela acima resume o fluxo de pessoas que entraram ( ou saíram) na (da) População em Idade Ativa (PIA), População Economicamente Ativa (PEA), População Ocupada (PO) e População Desocupada (PD) entre o primeiro trimestre de 2012 e o último de 2013. Como pode ser visto na linha Participação na Redução da PD (%), 59% da redução do desemprego está concentrada na faixa etária de 14 a 24 anos. Em outras palavras, dos 1,5 milhão de pessoas que deixaram o desemprego entre 2012 e 2013, quase 1 milhão está nessa faixa etária. E nessa faixa etária houve redução da ocupação (-186 mil) e saída de pessoas do mercado de trabalho (-1,1 milhão). O gráfico abaixo resume a participação por faixa etária na redução do desemprego no período.
Significa dizer, leitor, que a queda de 1,8 pontos percentuais no desemprego entre 2012 e 2013 está concentrada na faixa etária de 14 a 24 anos. Essa faixa, como abordado no post anterior, é o público-alvo dos programas educacionais do governo federal. Parece ser, nesse aspecto, mais uma evidência a explicar a aparente dicotomia entre baixo desemprego e baixo crescimento. O desemprego não subiu no período porque uma parte importante da população não está procurando emprego. Se estivessem, dado o baixo nível de atividade, é muito provável que o desemprego estivesse em patamar acima do atual.