O embate eleitoral do ano passado foi extremamente traumático. Na debate, estavam duas visões distintas de como funciona o organismo econômico. Na visão posta por Marcos Lisboa, de um lado, os economistas pró-empresários, que assessoraram a política econômica brasileira nos últimos seis anos. Do outro, os economistas pró-mercado. A visão pró-empresário, das pedaladas fiscais e da contabilidade criativa, foi vitoriosa no pleito, mas não ganhou um ministério da fazenda para chamar de seu. A presidente, em um raro rompante de racionalidade, resolveu por Joaquim Levy na liderança das contas públicas, um estranho no ninho nacional-desenvolvimentista [ou inflacionista, nas palavras do professor Gustavo Franco]. Ora, pergunta-se, dará certo vencer uma eleição com um projeto sem nenhuma preocupação fiscal e colocar alguém no comando da economia com perfil distinto? A contradição fica nítida nas entranhas do partido do governo e na base social que sustenta [e elegeu] Dilma Rousseff. O resultado prático disso é a atual crise política, que aprofunda a crise econômica, e gera uma trajetória excessivamente instável para as variáveis macroeconômicas. Desse modo, pergunta-se: como chegamos até aqui? E, mais importante, como podemos sair?
Foi mais ou menos com essas perguntas na cabeça que o Instituto Teotônio Vilela reuniu um time poderoso de economistas no seminário "Caminhos para o Brasil". Na mesa, estavam Gustavo Franco, Armínio Fraga, Mansueto Almeida e Samuel Pessôa. Em suas participações, chamaram atenção para os dilemas da economia brasileira. A todos que querem vislumbrar a luz no fim do túnel, recomendo fortemente que assistam às palestras desses economistas. Está tudo disponível lá no youtube. Coloco abaixo a participação do professor Gustavo Franco, que faz alusão à relação [promíscua?] entre Tesouro e Banco Central nos tempos recentes, tema que me interessa muito e que explorei brevemente na série sobre política fiscal que estou publicando nesse espaço.