Os ouvidos moucos e os olhos míopes da presidência da República são os responsáveis últimos pelo baixo crescimento da economia brasileira nos últimos anos. O dado negativo do PIB no terceiro trimestre, nesse sentido, é mais uma constatação acaciana da inadequação da política econômica do que propriamente consequência de fatores que mereçam algum outro tipo de análise. A presidente, leitor, usa de seus agregados, tal como José Dias servia a Machado de Assis para ilustrar os vícios da humanidade.
Tombini, Mantega e Augustin, respectivamente, presidente do Banco Central, ministro da Fazenda e secretário do Tesouro, são os agregados de Dilma. Tal qual José Dias, devem explicações superlativas e aumentativas à presidente. O PIB deve virar “Pibão” de tempos em tempos, para que se cumpra a propaganda oficial. A contabilidade criativa deve ser jogada para debaixo do tapete, afinal, ela nunca existiu, diz Arno. Mantega e Augustin, os agregados mais auspiciosos da presidente, se desdobram para cumprir os desejos da economista-chefe da equipe. Se o objetivo for iludir os incautos, manter a popularidade a despeito dos pífios resultados macroeconômicos, os agregados vão cumprindo serenissimamente seus objetivos.
Já o presidente do Banco Central cuida para que a autonomia daquela instituição seja tida como intacta, mesmo o ministro da Fazenda dando declarações sobre uma tal nova matriz macroeconômica. Tombini se esforça para fazer cair a taxa real de juros, dando razões técnicas para que isso ocorra. Razões que mais parecem vindas de Alice e seus diálogos com criaturas sobrenaturais do que fundadas na boa teoria econômica. Tombini é um agregado mais qualificado que os demais, mas nem por isso se aquieta no esforço de manter o país na rota do novo-desenvolvimentismo. Nem que para isso tenha de constatar de neutro o impulso fiscal em um ano marcado por eleições. O coelho, afinal, guia Alice por caminhos tortuosos.
É de se pensar se Tombini, Arno e Mantega o fazem por gosto o que fazem ou se apenas cumprem ordens expressas. Afinal, leitor, a economista-presidente, Sra. Dilma Rousself, gosta de afirmar a quem não tem ouvidos moucos que quem manda é ela. A política fiscal é frouxa, o crédito público é farto e a política monetária é esquizofrênica não por culpa dos agregados: mas por responsabilidade da presidente. A nova matriz macroeconômica, seja lá em qual teoria tropicalista for baseada, saiu do gabinete da presidente, no 4º andar do palácio do Planalto. Os agregados apenas possuem a obrigação de defendê-la: custe a reputação que custar.
Para nós, os outros economistas, Arno, Tombini e Mantega soam como José Dias, o agregado maior. Ele é talvez o mais inteligente de todo o brilhante livro de Machado, porque em idas e vindas, mortes e separações, lá está José Dias, pronto para discorrer superlativos para sua patroa, cumprindo sua missão de elogiar o imperdoável. Os agregados de Dilma, leitor, são iguais: ao invés de alertar a presidente sobre os erros de suas visões, a incentivam em seus devaneios. Perde o Brasil, que segue o coelho das ilusões...