A inflação em aceleração é um fenômeno global. Como já comentei aqui nesse espaço algumas vezes, o aumento de preços de commodities e a restrição de oferta nas cadeias globais de produção têm gerado um movimento sincronizado de aumento de preços mundo a fora.
Para ilustrar, pegamos os dados de inflação do FMI, usando o pacote de R imfr. Pegamos os dados da inflação mensal de 13 países do G20 desde 2011 em frequência mensal e depois acumulamos em 12 meses.
Como é possível perceber pelo gráfico, há uma aceleração da inflação a partir do final de 2020 em praticamente todos os países da amostra.
Então, conclui o leitor, se a inflação é um problema global, o Brasil não precisaria se preocupar. Certo?
Como nos ensinou o monstro Tolstoi, porém, cada família infeliz é infeliz à sua maneira. E nesse caso, o Brasil tem diversos motivos que lhe diferenciam dos demais países da amostra.
Em particular, como tenho chamado atenção nesse espaço, o Brasil tem experimentado um aumento da persistência inflacionária. E isso tem ocorrido porque os diversos choques que tem afetado a economia brasileira estão contaminando todos os demais preços.
Os núcleos de inflação mostram claramente que os choques que afetaram a economia se disseminaram por todos os demais preços. Além disso, o índice de difusão, aquele que mede o percentual de subitens que sofre aumento ao longo dos meses, também tem aumentado.
A inflação tem aumentado no mundo todo. Mas no Brasil, a evidência mostra que a situação é um pouco diferente. E pior. Não por outro motivo, o Banco Central brasileiro tem promovido um aperto monetário de grandes proporções e deve mantê-lo nas próximas reuniões.
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(*) Os códigos dos Comentários de Conjuntura estão disponíveis no Clube AM.