O Banco Central divulgou agora há pouco a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, realizada na semana passada. Valem destacar dois aspectos do documento. O primeiro diz respeito às projeções do modelo da autoridade monetária. Em um cenário com juros e câmbio extraídos da pesquisa Focus, a inflação esperada para 2019 e 2020 fica em 4,1% e 3,8%, respectivamente. Já no cenário de juros constantes e câmbio a 3,95 R$/US$, a inflação fica em 4,3% esse ano e em 4% no próximo ano.
O outro aspecto a ser destacado é o chamado balanço de riscos em torno do cenário básico traçado pela autoridade monetária. Por um lado, chama atenção a ressalva do Comitê quanto à maior ociosidade dos fatores de produção. Como apontei no comentário da semana passada e o Banco Central acabou ratificando em ata, há risco real de termos um crescimento negativo do pib do primeiro trimestre, na comparação com o último trimestre do ano passado.
Já por outro lado, como também chamei atenção na semana passada, a reforma da previdência e o consequente ajuste fiscal trazem incerteza à economia, contribuindo de forma negativo para a inflação esperada.
A ponderação desses dois aspectos justifica, por suposto, a manutenção da taxa básica de juros nos atuais 6,5% ao ano.
Inflação observada e núcleos de inflação
Um outro ponto destacado na ata foi o comportamento da inflação observada nos últimos meses. O Comitê destaca que o repique verificado no período recente deve retroceder, de modo que não deve ser visto como problema, ao menos por enquanto. Salienta ainda que os núcleos de inflação permanecem comportados.
Mensal Abr/19 | Mensal Abr/18 | Anual Abr/19 | Anual Abr/18 | |
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IPCA | 0,57 | 0,22 | 4,94 | 2,76 |
Médias Aparadas com Suaviz. | 0,37 | 0,21 | 4,01 | 3,21 |
Médias Aparadas sem Suaviz. | 0,32 | 0,04 | 3,25 | 2,35 |
Exclusão 0 | 0,35 | 0,04 | 3,03 | 2,61 |
Exclusão 1 | 0,42 | 0,20 | 4,03 | 2,96 |
Dupla Ponderação | 0,40 | 0,13 | 3,79 | 2,91 |
Exclusão 2 | 0,41 | 0,09 | 2,89 | 2,03 |
Exclusão 3 | 0,45 | 0,15 | 2,83 | 2,31 |
Como pode ser visto na tabela acima, de fato, a despeito do repique da inflação cheia medida pelo IPCA, os núcleos encontram-se abaixo da meta de 4,25%. Em outras palavras, passado o choque recente, a inflação deve se acomodar novamente em torno da meta de inflação. O gráfico abaixo ilustra.
Como de praxe, os códigos desse comentário de conjuntura encontram-se disponíveis no Clube do Código.