Juro a 4,25% é sustentável?

O Banco Central anunciou agora há pouco a esperada redução de 25 pontos-base na taxa básica de juros, levando-a para 4,25% a.a. Mas importante do que a decisão, entretanto, foi o comunicado pós-reunião. Nas palavras do Comitê:

 

"O Copom entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária. Considerando os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019, o Comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária. O Comitê enfatiza que seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação, com peso crescente para o ano-calendário de 2021".
Em outros termos, o COPOM encerrou o ciclo de afrouxamento monetário nessa reunião, colocando a taxa básica de juros na mínima histórica. A pergunta imediata é se esse nível de juros é sustentável daqui para frente. A resposta passa pelo juro de equilíbrio da economia brasileira.
O juro de equilíbrio é aquele consistente com inflação estável ao longo do tempo. Nossas estimativas - disponíveis no exercício 71 do Clube do Código - dão conta que as reformas recentes fizeram cair o juro neutro da economia. Hoje ele estaria próximo de 3,5% a.a,  como ilustrado no gráfico acima.
Isso dito, em um próximo ciclo de contração monetária, onde o Banco Central eleva a taxa básica de juros, não se espera que voltemos ao nível anterior de dois dígitos. O esforço contracionista da autoridade monetária deverá ser menor para manter a inflação sob controle.
Para que esse cenário continue, entretanto, é preciso que o país continue enxergando vantagens na agenda de reformas. Principalmente, nas que atacam o problema fiscal e aumentam a taxa de poupança da economia brasileira. Sem contas fiscais saneadas, a manutenção de juros no atual patamar fica bastante comprometida.
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