Tem certeza que você quer mesmo controlar a taxa de câmbio?

Mal nos livramos da nova matriz econômica e lá estão os novos desenvolvimentistas propondo a surrada ideia de controle da taxa de câmbio. Minha sensação é que o debate econômico no Brasil é como o filme Feitiço do Tempo, em que o protagonista, interpretado por Bill Murray, está preso em Punxsutawney, vivendo o mesmo dia várias vezes. Por aqui, quando não é o câmbio, são os juros ou, claro, os dois ao mesmo tempo. Sempre há algum economista ou um grupo de economistas querendo desvalorizar o câmbio e/ou reduzir os juros para estimular exportações e/ou reduzir o custo do capital para a indústria.

grafico01

A taxa de câmbio, como todo mundo que já lidou com ela sabe, é uma variável chata de modelar e prever. O que dirá controlar! Isso porque, o câmbio é tipicamente um passeio aleatório puro, do tipo:

(1)   \begin{equation*}y_{t} = y_{t-1} + \varepsilon_{t} \end{equation*}

Ou, simplesmente, 

(2)   \begin{equation*} \Delta y_{t} = \varepsilon_{t} \end{equation*}

 Ademais, o câmbio é também uma variável endógena em qualquer modelo macroeconômico, que pode ser representada em uma condição de paridade descoberta da taxa de juros, como abaixo: 

(3)   \begin{equation*} \Delta\epsilon_{t} = \phi_{0}  - \phi_{1}(i_{t} - i_{t}^*) + \phi_{2}x_{t} + \varepsilon_{t}^{e} \end{equation*}

Onde \epsilon_{t} é a taxa de câmbio Real/Dólar em t, (i_{t} - i_{t}^*) representa o diferencial de juros, x_{t} é o prêmio de risco e \varepsilon_{t}^{e} é um choque externo. Logo, para que a taxa de câmbio se mantenha em um determinado valor, é preciso fazer o diabo em um monte de outras variáveis macroeconômicas. Depois de tudo o que aconteceu no Brasil nos últimos anos, será que vale a pena insistir nesse tipo de coisa? 

________________________________

(**) Para ver o argumento completo, leia o post Enquanto eles dormiam.

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