A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) de maio, divulgada hoje pelo IBGE, mostrou um avanço do desemprego para 6,7% da PEA. O número veio 0,3 p.p. acima da média dos modelos que estimamos e 0,1 p.p. acima do modelo que mais acertou até aqui. Em relação ao último dado do ano passado, o desemprego aumentou 2,4 p.p. ou, em termos absolutos, 582 mil pessoas passaram à condição de desocupados nos últimos cinco meses. Com efeito, a renda nominal passou a apresentar crescimento menor, hoje bem inferior, diga-se, à inflação. No último dado disponível, a renda nominal cresceu 3,5% na comparação interanual e a renda real, -5%. O inverno, leitor, definitivamente, chegou para a economia brasileira.
A combinação entre maior crescimento da população economicamente ativa e menor crescimento da população ocupada tem explicado esse aumento do desemprego em 2015. Este só não tem sido maior porque a queda da população ocupada tem sido compensada pela parcela "sem carteira", isto é, o emprego informal. A tabela abaixo resume algumas estatísticas, na abertura interanual, média móvel trimestral e média móvel de 12 meses.
InterAnual | MM3 | MM12 | |
PIA | 0,8 | 0,8 | 1,0 |
PEA | 1,2 | 0,8 | -0,2 |
PNEA | 0,3 | 0,7 | 2,6 |
PO | -0,7 | -0,8 | -0,4 |
PO_PRIVADO_CARTEIRA | -1,8 | -1,6 | -0,6 |
PO_CARTEIRA | -2,1 | -1,8 | -0,6 |
PO_SEMCARTEIRA | -1,0 | -1,5 | -4,2 |
PD..p.p.. | 1,8 | 1,5 | -0,6 |
RENDA_REAL | -5,0 | -3,6 | 0,6 |
RENDA_NOMINAL | 3,5 | 4,8 | 7,8 |
MASSA_REAL | -5,7 | -4,4 | 0,2 |
A análise é complementada pelos gráficos, na abertura interanual.
Uma primeira suavização, com a média móvel trimestral é posta abaixo.
E agora, a média móvel de 12 meses...
Observa-se que, na margem, a renda mostra sinais de cansaço, diante do aumento do desemprego. Isso tem efeito direto sobre a inflação de serviços, ainda que de forma muito lenta, dada a elevada inércia existente nesse setor. A análise global das séries, de outra forma, nos permite dizer que o mercado de trabalho sentiu o baque do crescimento econômico. Notadamente no que tange ao aumento da população economicamente ativa. Essa era uma variável que vinha impedindo o avanço mais contundente do desemprego até o ano passado.
O aumento do desemprego este ano, na magnitude de 2,4 p.p., só é similar a 2003, época também de ajuste, por conta do overshooting cambial. A despeito disso, como pode ser visto nos gráficos acima, o desemprego ainda se mantém abaixo das médias históricas mensais. Ademais, observa-se que dada a sazonalidade, devemos observar algum recuo do desemprego no segundo semestre, mas a média do ano deve se situar bem acima da de 2014, quando foi de 4,8%.
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