Relatório AM #2 - nossa perspectiva sobre a inflação para o ano

Um tema que tem se mostrado preocupante nos últimos meses é a trajetória da inflação. Com o lockdown no começo do ano passado, presenciamos uma brusca redução nas taxas de inflação entre o primeiro e segundo trimestres de 2020, consequência direta e esperada de uma economia em paralisação quase plena. O resultado esperado na época era de uma retomada gradual, porém eficiente, de modo que os níveis de produção e emprego, assim como o da inflação, retornariam ao patamar esperado ao final do ano. A realidade acabou sendo diferente, como pode ser vista no gráfico abaixo.

Após os meses de inflação abaixo do intervalo da meta, observamos uma escalada veloz no segundo semestre de 2020, culminando em um nível de inflação acima do intervalo superior da meta em 2021, estando atualmente em 6.76%. É difícil resumir os fatos que explicam essa elevação, porém podemos citar alguns:

  • As incertezas políticas vivenciadas no país, com grande indecisão sobre o rumo do governo e dos gastos públicos (que podem ser influenciados com um viés eleitoral), tornam o risco agregado do país maior.
  • Efeitos externos, como a escalada dos preços de commodities que ocorreu entre o final do ano passado e o começo desse ano, geram grande pressão por parte da produção sobre os preços, causando efeitos desiguais sobre os núcleos de inflação. Os choque de oferta no ano passado impactaram fortemente alimentos, sendo produzidos majoritariamente para a exportação e gerando inflação nos preços domésticos, enquanto que no momento a alta dos combustíveis impacta em maior nível os custos de transporte da população.

Nesse contexto, é importante notar que, enquanto o resultado ao longo do final do ano passado poderia configurar uma estagflação, como vimos no relatório de semana passada, a economia parece estar de modo geral em recuperação, logo a inflação vista atualmente não é resultado apenas de choques, mas também de seu valor esperado antes da pandemia. Abaixo, deixamos as previsões modeladas pelos economistas da Análise Macro, com expectativas para os próximos meses:

A previsão feita pelo nosso modelo para o mês de maio é de 0.70%, acima de maior parte das expectativas reportadas pelo consenso de mercado, observado pelo boletim Focus.

No resultado acumulado de 12 meses, esse valor equivale a uma inflação de 7.95%, aproximadamente.

Compartilhe esse artigo

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email
Print

Comente o que achou desse artigo

Outros artigos relacionados

Como avaliar modelos de IA na previsão macroeconômica?

Descubra como economistas e cientistas de dados estão combinando econometria e inteligência artificial para aprimorar previsões macroeconômicas. Neste post, você vai entender as principais etapas de avaliação de modelos — da preparação dos dados à validação cruzada — e conhecer as métricas e técnicas que revelam quais métodos realmente entregam as melhores previsões. Uma leitura essencial para quem quer compreender o futuro da análise econômica orientada por dados.

Análise exploratória e seleção de séries temporais econômicas para modelagem

Quer entender como transformar dados econômicos brutos em previsões macroeconômicas precisas? Neste post, mostramos passo a passo como realizar a análise exploratória e seleção de séries temporais com Python — desde o tratamento de dados e remoção de multicolinearidade até a escolha das variáveis mais relevantes usando técnicas de machine learning e econometria. Um guia essencial para quem quer unir teoria econômica e inteligência artificial na prática da previsão macroeconômica.

Boletim AM

Receba diretamente em seu e-mail gratuitamente nossas promoções especiais e conteúdos exclusivos sobre Análise de Dados!

Boletim AM

Receba diretamente em seu e-mail gratuitamente nossas promoções especiais e conteúdos exclusivos sobre Análise de Dados!

como podemos ajudar?

Preencha os seus dados abaixo e fale conosco no WhatsApp

Boletim AM

Preencha o formulário abaixo para receber nossos boletins semanais diretamente em seu e-mail.