O IBGE divulgou hoje a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), que avalia tanto volume de vendas quanto receita nominal do varejo brasileiro. O instituto divulga tanto as vendas do "varejo restrito", quanto as vendas de veículos e da construção civil. Na passagem de novembro para dezembro, houve recuo no volume de vendas em -0,2%. No acumulado em dozes meses, a variação é de 4,3%. Mais interessante do que isso, entretanto, é verificar o hiato entre comércio e indústria, como pode ser visto no gráfico ao lado. Ele se reduziu, após o pico registrado no final de 2012, fruto dos incentivos dados pelo governo ao setor. A indústria, como comentei em post anterior, se recuperou levemente no segundo semestre de 2013, o que, somado a desaceleração do varejo - fruto da queda na taxa de crescimento dos salários e alto endividamento das famílias - causou redução do hiato. Essa diferença entre o que o varejo vende o que a indústria produz é uma boa métrica para entender a perda de competitividade do país frente a produtos importados, além de ser um indicativo de pressões inflacionárias. Isto porque, sendo o comércio varejista a demanda e a indústria a oferta de bens, se aquela cresce a taxas mais robustas que estas, ou bem há incremento de produtos importados na economia ou bem haverá mais inflação. Desse modo, a redução do hiato é mais um indicativo de que a pressão inflacionária tem mostrado recuo nos últimos meses, apesar de ainda permanecer em patamar elevado (5,59% em 12 meses), dada a "desancoragem das expectativas" e a baixa taxa de desemprego. Para maior entendimento sobre a inflação no período recente, clique aqui.