Introdução à Economia Social de Mercado e ao human capital approach: equidade social com produtividade econômica.

Você é daqueles que acredita que construir uma rede de proteção social vai contra a estipulação de uma economia de alta produtividade? Você acha que um país que possui uma ampla oferta de benfícios sociais não pode ser um país de alto crescimento? Pois é, eu te entendo. Você não está sozinho nessa inquietação. A situação brasileira também não ajuda muito. Afinal, o Estado brasileiro cobra uma carga tributária de cerca de 36% do PIB e devolve pouco em termos de saúde e educação, por exemplo. A questão relevante, entretanto, é que o investimento público nessas duas searas promove justamente o que a literatura econômica chama de human capital approach. Se você investe em saúde e educação básica, está melhorando a produtividade do fator trabalho, o que implica em maiores taxas de crescimento econômico. Ou seja, uma coisa (o benefício social) está umbilicamente envolvida com a outra (a eficiência econômica).

Tais conceitos, aparentemente disjuntos, são tratados pelo liberalismo social, vertente política da qual sou um orgulhoso integrante e defensor. Neste, as sociedades devem conciliar a liberdade econômica e política dos indivíduos com um nível de igualdade de oportunidades satisfatório. O ponto ótimo é quando a ampla rede social promove maior produtividade, fazendo com que o bem estar de todos se eleve. Nesse contexto que se inserem os conceitos de Economia Social de Mercado (ESM) e do human capital approach (HCA).

Para uma introdução ao HCA recomendo essa palestra aqui. Nela faço uma breve exposição sobre a moderna teoria neoclássica de crescimento, no que tange ao capital humano. Mais capital humano é a um só tempo benéfico do ponto de vista social e econômico. E, atualmente, acredito que nenhum economista do mundo ousaria em discordar disso: mais educação e mais saúde promovem aumentos de produtividade. O argumento, eu diria, é sempre econômico, mas com implicações importantes sobre a questão social da coisa.

Já sobre o conceito de ESM, recomendo o livro acima. Ele foi produzido pelo economista Marcelo Resico, com o apoio da Fundação Konrad Adenauer, a respeito dos conceitos aplicados a uma economia que promove equidade com produtividade. Os links existentes entre um e outro são aqueles discutidos pelo HCA, além de pontos institucionais importantes. O livro completo pode ser baixado aqui.

Eu espero que isso lhe ajude a não mais confundir benefícios sociais com economias de pouco crescimento. A ideia é justamente o oposto...

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