
A questão, então, é investigar até que ponto é possível aumentar a participação da FBCF, dada essa elevada relação Consumo/PIB. Essa é, na minha concepção, o grande desafio para tornar a a taxa de investimento mais alta no país, fazendo com que o nosso crescimento possa ser maior e sustentável - sem gerar desequilíbrios, como inflação e aumento do déficit em conta corrente. Infelizmente, eu não sou otimista a esse respeito. Isto porque, o consumo depende de preferências intertemporais dos agentes. Notadamente, há no Brasil uma tendência a antecipar o futuro, o que explica a nossa baixa taxa de poupança - 14,8% do PIB. Isso é fruto de uma estrutura de incentivos, como a existência de uma previdência pública e ensino superior gratuito, por exemplo. Além disso, como visto, os gastos correntes do governo ocupam uma parte relevante do PIB. É salutar que existe uma gordura ai que poderia ser reduzida, se o gasto público fosse mais eficiente. Isso abriria espaço para aumentar o Investimento Público, que é baixíssimo no Brasil.
Desse modo, observo que aumentar a taxa de investimento passa por mudanças que não são de forma alguma simples de serem feitas. Exigem mudanças contundentes em instituições formais e informais, arraigadas há muito tempo em nossa sociedade. Sem falar na forma como o governo mantém a máquina pública funcionando. Nada trivial, daí meu pessimismo em relação a esse ponto. E eu nem falei na melhoria da educação e nos mecanismos institucionais que geram aumento da produtividade...