Demorou mais de dez anos para Dilma entender...

...que é preciso moderar o crescimento dos gastos públicos. O anúncio feito hoje pelo ministro da fazenda Nelson Barbosa sobre uma proposta para limitar o gasto público federal vem, afinal, com mais de dez anos de atraso. Como observa o professor Rogério Werneck, em capítulo do livro "A Ordem do Progresso":

"No segundo semestre de 2005, um embate na cúpula do governo, em torno de um possível programa de ajuste fiscal de longo prazo, deixou claro que o discurso econômico do governo estava mudando. Como os gastos primários da União vinham crescendo ao dobro da taxa de crescimento do PIB, os ministros Antonio Palocci, da Fazenda, e Paulo Bernardo, do Planejamento, propuseram medidas de contenção dessa expansão. O que os dois ministros tinham em mente não era um programa de corte drástico de gasto público... A ideia era assegurar que a expansão do gasto público passasse a se dar a uma taxa inferior à taxa de crescimento do PIB... A proposta acabou torpedeada por uma coalizão comandada pela nova ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, coadjuvada por Guido Mantega, então presidente do BNDES, com assentimento tácito do Planalto" (pp. 366, grifo nosso). 

Dilma classificaria o ajuste fiscal de longo prazo proposto por Palocci e Bernardo como "rudimentar". A História posterior não é novidade. Palocci saiu do governo, Mantega assumiu a Fazenda e deu-se início à guinada desenvolvimentista. Ignorou-se, assim, a tendência crescente da despesa primária do governo central. Agora, Nelson Barbosa, é tarde demais...

Compartilhe esse artigo

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email
Print

Comente o que achou desse artigo

Outros artigos relacionados

Estamos em pleno emprego no mercado de trabalho?

Este artigo investiga se o mercado de trabalho brasileiro atingiu o nível de pleno emprego, utilizando uma estimativa da NAIRU (Non-Accelerating Inflation Rate of Unemployment) baseada na metodologia de Ball e Mankiw (1997). Através de uma modelagem em Python que unifica dados históricos da PME e PNAD Contínua com as expectativas do Boletim Focus, comparamos a taxa de desocupação corrente com a taxa neutra estrutural. A análise visual e quantitativa sugere o fechamento do hiato de desemprego, sinalizando potenciais pressões inflacionárias. O texto detalha o tratamento de dados, a aplicação do Filtro Hodrick-Prescott e discute as vantagens e limitações da metodologia econométrica adotada.

Como se comportou a Taxa de Participação no Brasil nos últimos anos? Uma Análise com a Linguagem R

O objetivo deste estudo é analisar a evolução da Taxa de Participação no Brasil, contrastando-a com a Taxa de Desocupação e decompondo suas variações para entender os vetores (populacionais e de força de trabalho) que influenciam o comportamento atual do mercado de trabalho. Para isso, utilizamos a linguagem R em todo o processo, desde a coleta e o tratamento das informações até a visualização dos resultados, empregando os principais pacotes disponíveis no ecossistema da linguagem.

Como se comportou a inflação de serviços no Brasil nos últimos anos?

Uma análise econométrica da inflação de serviços no Brasil comparando os cenários de 2014 e 2025. Utilizando uma Curva de Phillips própria e estimativas da NAIRU via filtro HP, investigamos se o atual desemprego nas mínimas históricas repete os riscos do passado. Entenda como as expectativas de inflação e o hiato do desemprego explicam o comportamento mais benigno dos preços atuais em relação à década anterior.

Boletim AM

Receba diretamente em seu e-mail gratuitamente nossas promoções especiais e conteúdos exclusivos sobre Análise de Dados!

Boletim AM

Receba diretamente em seu e-mail gratuitamente nossas promoções especiais e conteúdos exclusivos sobre Análise de Dados!

como podemos ajudar?

Preencha os seus dados abaixo e fale conosco no WhatsApp

Boletim AM

Preencha o formulário abaixo para receber nossos boletins semanais diretamente em seu e-mail.