...que é preciso moderar o crescimento dos gastos públicos. O anúncio feito hoje pelo ministro da fazenda Nelson Barbosa sobre uma proposta para limitar o gasto público federal vem, afinal, com mais de dez anos de atraso. Como observa o professor Rogério Werneck, em capítulo do livro "A Ordem do Progresso":
"No segundo semestre de 2005, um embate na cúpula do governo, em torno de um possível programa de ajuste fiscal de longo prazo, deixou claro que o discurso econômico do governo estava mudando. Como os gastos primários da União vinham crescendo ao dobro da taxa de crescimento do PIB, os ministros Antonio Palocci, da Fazenda, e Paulo Bernardo, do Planejamento, propuseram medidas de contenção dessa expansão. O que os dois ministros tinham em mente não era um programa de corte drástico de gasto público... A ideia era assegurar que a expansão do gasto público passasse a se dar a uma taxa inferior à taxa de crescimento do PIB... A proposta acabou torpedeada por uma coalizão comandada pela nova ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, coadjuvada por Guido Mantega, então presidente do BNDES, com assentimento tácito do Planalto" (pp. 366, grifo nosso).
Dilma classificaria o ajuste fiscal de longo prazo proposto por Palocci e Bernardo como "rudimentar". A História posterior não é novidade. Palocci saiu do governo, Mantega assumiu a Fazenda e deu-se início à guinada desenvolvimentista. Ignorou-se, assim, a tendência crescente da despesa primária do governo central. Agora, Nelson Barbosa, é tarde demais...