Inadimplência vs. Spread bancário: refutando ideias heterodoxas

[et_pb_section admin_label="section"][et_pb_row admin_label="row"][et_pb_column type="4_4"][et_pb_text admin_label="Texto" background_layout="light" text_orientation="justified" text_font="Verdana||||" text_font_size="18" use_border_color="off" border_color="#ffffff" border_style="solid"]

Há muitas ideias equivocadas (e mesmo estapafúrdias) sendo ventiladas por aí quando o assunto é juro alto no Brasil. Há os que defendem, por exemplo, que o juro alto é consequência única e exclusiva da ganância de banqueiros. Como se os banqueiros brasileiros fossem mais gananciosos do que seus pares no resto do mundo. Há também aqueles que acham que o spread bancário, a diferença entre a taxa de captação de recursos pelos bancos e aquela taxa cobrada em empréstimos, deve ser reduzido na marra, por meio dos bancos públicos. Como se isso não tivesse sido tentado recentemente, com o fracasso já esperado. Essas e outras ideias são apenas exemplos de como o debate econômico no Brasil é contaminado por falta de entendimento da teoria e também da evidência empírica disponível. Nesse post, fazendo uso da relação entre inadimplência e spread bancário, mostro como economistas sérios orientam a construção de políticas eficazes para redução do juro alto no país - Saiba como fazer análises como essa em nossos Cursos Aplicados de R..

É razoável supor que inadimplência e spread bancário são variáveis que andam juntas ao longo do tempo. Isto é, tanto a inadimplência exerce influência sobre o spread, como o caso contrário. Isso é facilmente demonstrado pelo procedimento de Toda-Yamamoto, operacionalizado no código abaixo.


library(BETS)
library(ggplot2)
library(forecast)
library(gridExtra)
library(vars)
library(aod)

## Dados

inad = BETS.get(21082)
spread = BETS.get(20783)
data = ts.intersect(spread, inad)
df = data.frame(inad=data[,2], spread=data[,1])

### Toda-Yamamoto

### Selecionar Defasagem
def = VARselect(df,lag.max=12,type="both")
def$selection

var10 = VAR(df, p=10, type='both')
serial.test(var10)

### Teste de Wald

var11 = VAR(df, p=11, type='both')

### Wald Test 01: Spread não granger causa inadimplência

wald.test(b=coef(var11$varresult[[1]]), 
 Sigma=vcov(var11$varresult[[1]]), 
 Terms=c(2,4,6,8,10,12,14,16,18,20))

### Wald Test 02: Inadimplência não granger causa spread

wald.test(b=coef(var11$varresult[[2]]), 
 Sigma=vcov(var11$varresult[[2]]), 
 Terms= c(1,3,5,7,9,11,13,15,17,19))

Caso o leitor queira reproduzir o exercício, verá que de fato há uma causalidade bidirecional na relação entre inadimplência e spread bancário. Isso dito, como o policymaker deve atacar o problema? Faz sentido reduzir o spread bancário na marra para que a inadimplência caia? Por exemplo, vamos usar os bancos públicos para forçar uma redução do spread? Ou faz mais sentido atacar o risco de crédito, seja com a redução da assimetria de informação entre credor e o tomador de empréstimo, seja por meio de maior celeridade na recuperação de crédito? De um lado, estão economistas que olham o problema com base em teoria e evidência do que é feito ao redor do mundo. Do outro, estão pessoas que não têm a menor ideia do que estão falando.

 

Atacar o risco de crédito por meio de maior celeridade na recuperação de crédito e/ou na construção de um banco de dados público com informações sobre os tomadores tem efeitos permanentes sobre o mercado, fazendo com que tanto a inadimplência quanto o spread bancário caiam.

Uma outra forma de atacar o problema é simplesmente controlar preços, como fez recentemente o governo Dilma, com as taxas de juros da Caixa Econômica e do Banco do Brasil. Como não ataca o verdadeiro problema, que é o risco de crédito, ele terá apenas efeitos passageiros sobre o spread bancário.

Esse, de fato, é apenas um exemplo de como o debate econômico no Brasil antagoniza ideias prosaicas, de quem não tem a menor ideia do que está falando, com ideias baseadas em teoria e evidência empírica de quem realmente se deu ao trabalho de estudar o problema. Às vezes, cansa... 🙁

 

___________________________________

Saiba como fazer análises como essa em nossos Cursos Aplicados de R.

[/et_pb_text][/et_pb_column][/et_pb_row][/et_pb_section]

Compartilhe esse artigo

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email
Print

Comente o que achou desse artigo

Outros artigos relacionados

Coletando dados do Google Trends no R e no Python

Como acompanhar e antecipar tendências de mercado? Independentemente da resposta final, os dados são o meio. Neste artigo, mostramos como obter dados do Google Trends em tempo quase real, utilizando as linguagens de programação R e Python.

Contribuição para a Volatilidade [Python]

A contribuição para a volatilidade fornece uma decomposição ponderada da contribuição de cada elemento do portfólio para o desvio padrão de todo o portfólio. Em termos formais, é definida pelo nome de contribuição marginal, que é basicamente a derivada parcial do desvio padrão do portfólio em relação aos pesos dos ativos. A interpretação da fórmula da contribuição marginal, entretanto, não é tão intuitiva, portanto, é necessário obter medidas que possibilitem analisar os componentes. Veremos portanto como calcular os componentes da contribuição e a porcentagem da contribuição. Vamos criar as respectivas medidas usando a linguagem de programação Python.

Inflação de Serviços vs. Desemprego

A teoria econômica convencional sugere a presença de um trade-off entre inflação e desemprego no curto prazo, comumente conhecido como a Curva de Phillips. Em termos simples, reduções na taxa de desemprego podem resultar em um aumento temporário na inflação. Nesse contexto, a inflação de serviços emerge como uma categoria particularmente relevante devido às suas características distintivas. Para explorar e visualizar a relação entre inflação de serviços e desemprego, conduzimos uma análise utilizando a linguagem de programação Python. Além disso, empregamos o procedimento de Toda-Yamamoto para avaliar a existência de uma relação de causalidade no sentido Granger entre essas variáveis.

como podemos ajudar?

Preencha os seus dados abaixo e fale conosco no WhatsApp

Boletim AM

Preencha o formulário abaixo para receber nossos boletins semanais diretamente em seu e-mail.