Por que as universidades privadas brasileiras são, na média, de qualidade questionável?

Esse é o título de um dos artigos de opinião mais extensos que já escrevi. Quem escreve sabe que a extensão de um artigo é o primeiro desestímulo para o leitor. O fiz, porém, de forma proposital, pois queria sintetizar uma tese bastante oportuna: a relação entre a gratuidade das universidades estatais e a má qualidade de ensino das universidades privadas. Será que uma coisa tem relação com a outra? Ou melhor, será que uma implica na outra?

À primeira vista, trata-se de uma questão estanque. Ora, pensará o leitor, o que os alhos tem a ver com os bugalhos? De fato, não é algo trivial perceber que a existência de uma universidade estatal gratuita implica em um sistema privado de ensino superior com qualidade média muito baixa. Isto porque, dadas as espeficidades de nossa formação enquanto país, há um sentimento viesado quanto à expansão das universidades privadas. Geralmente, na maior parte dos debates leigos sobre o assunto, culpa-se o governo FHC pela "expansão desenfreada" do ensino superior privado no país. Seria, portanto, um problema regulatório a existência de faculdades privadas de baixa qualidade.

Deixando essa questão de lado, é preciso dizer que qualquer expansão está sujeita a problemas de qualidade. O número de matrículas no ensino superior brasileiro saltou de quase 2MM em 1997 para mais de 5MM em 2009. Antes, as matrículas em instituições privadas respondiam por 60% do total. Hoje esse número é de mais de 74%. Mesmo com todos os investimentos públicos feitos nos últimos anos (sob a tutela do Reuni, principalmente), o fluxo de ingressantes pouco se alterou: apenas 22% de estudantes  que ingressam no ensino superior entram em universidades estatais.

A questão é bem grave, leitor. Ao amarrar acesso ao ensino superior com gratuidade, nosso país automaticamente condena as universidades privadas (a maior parte delas) a ter uma qualidade questionável. Isto ocorre por dois motivos: a imposição da redução de custos para competir no mercado e o acesso a alunos de ensino médio com formação deficiente. Isso significa que a ampliação do ensino superior brasileiro está sendo feita em bases pouco sólidas.

É claro que para melhorar o aluno médio que entra no ensino superior é preciso melhorar a educação básica brasileira. Isso é um ponto dado, sem discussão. A questão do ensino superior, entretanto, é de eficiência. No atual quadro, o presidente (ou reitor) de uma instituição privada estará preocupado em investir em pesquisa ou em ampliar o número de mensalidades? E porque uma escolha e não a outra? O leitor curioso pode conferir esse e outros questionamentos lendo o artigo completo aqui.

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