Imagine uma cidade onde o número de mulheres supera o quantitativo de homens. Nessa mesma cidade a população de gays, lébiscas e simpatizantes é enorme. Para completar, os homens são, digamos, um pouco rudes - em demasia - com as mulheres. Conseguiu imaginar como o paraíso é? Pois então, essa cidade existe e o nome dela é Porto Alegre, a mais meridional desse país chamado Brasil.
Mas "falemos" baixo, pois se muitos outros como nós souberem disso, jaz aqui um proxy de paraíso. Somente entre nós, Porto Alegre é A cidade. Possui uma noite vibrante e um dia enriquecedor. Come-se bem, hospeda-se de forma honesta e, digamos, dorme-se bem acompanhado. Já aqui o leitor tem alguma pista: a maior parte das mulheres-modelos desse país tem como origem aqueles lados. Não se admira: mulheres loiras, de olhos azuis e de mais de 1,70m encontram-se às pencas, por qualquer avenida, seja na movimentada Voluntários da Pátria, no Centro, ou na famosa Calçada da Fama, em Ipanema.
Nesse sensato aspecto, o homem que estiver em dúvida sobre sua masculinidade deveria tirar uns dias e ir conhecer a capital do Rio Grande. Acaso não volte para sua terra natal apaixonado por, no mínimo, uma dúzia de mulheres, te garanto: tu é gay mermão! Não há como não se apaixonar por mulheres loiras lindas, sorridentes e com aquele sotaque cantado que mais parece música aos ouvidos.
Tá, eu confesso, o sorriso não é para todos não viu. De início, elas são meio assim do tipo carrancudas. Mas não antipáticas. Exibem, por suposto, uma tristeza enraizada, histórica diga-se. A tristeza da viuvez precoce, do tipo que se obtém pela inexistência do carinho masculino. Sim: as mulheres do extremo sul desse país sofrem de carência extrema, quase uma tristeza sem cura, já que seus conterrâneos do sexo oposto não comparecem como deveriam.
Mas tudo passa quando o sotaque é de fora (e, de preferência, do Rio) e dois dedos de prosa (ou, de preferência, de poesia) são trocados. O castigo da tristeza, enraizado até então, se desfaz em um belo sorriso, quase tão comovente quanto o pôr-do-sol às margens do Guaíba, visto na Usina do Gasômetro, acompanhado que é por um copo de cerveja gelada porque o calor nessa época é de deixar carioca com inveja. E tão logo desfaz-se a tristeza e enobrece o espírito com um belo sorriso, é dada a largada para mais uma paixão.
Um conselho: visite Porto Alegre e volte apaixonado. Um segredo, que descobri só agora, depois de algumas visitas àquela terra sagrada: apaixone-se várias vezes por dia e vire fã da terra. É de se intrigar porque mulheres lindas como aquelas ficam por ai com as piores faces do mundo. Mas tão logo se investiga, vem a resposta: a paixão que têm a oferecer é pouco (ou nada) correspondida. Novamente: conheça as portoalegrenses em grandes quantidades. Esse é o segredo para não voltar para a SUA terra apaixonado por (apenas) uma delas.
De resto não tenho mais nada a dizer. Apenas que qualquer final de semana desses volto para lá. Hospedo-me na Cidade Baixa, perto da Lima e Silva, onde o movimento rola e me apaixono de novo. Algumas centenas de vezes, é claro. Só para não correr o risco de me apaixonar por uma só (apenas). Porque isso, só morando lá de vez mesmo. Por enquanto, apenas paixões de uma noite. Apenas uma, de cada vez.