Replicando modelos VAR/VEC do Banco Central

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A partir da adoção do regime de metas em 1999, tornou-se necessária a criação de modelos de previsão no âmbito do Banco Central do Brasil, para projetar o comportamento de variáveis macroeconômicas, em particular, naturalmente, a inflação. Essa necessidade deriva, por óbvio, de se tentar antecipar a correção da inflação frente à meta em um determinado ano, bem como da existência de defasagens entre as decisões de política monetária e seus efeitos sobre os preços, não sem antes passar por diversos canais de transmissão. De modo a divulgar a área de Central Banking da Análise Macro, que será anunciada em julho, estamos escrevendo alguns posts sobre detalhes desses modelos no Blog (ver o primeiro post aqui). Nesse post, vamos mostrar as previsões de dois modelos VAR e VEC adotados pelo Banco Central. Os códigos completos, a propósito, estão disponíveis na edição 34 do Clube do Código.

Coletando os dados

Antes de mais nada, vamos pegar os dados no próprio Banco Central, utilizando para isso o pacote BETS. O código abaixo ilustra.


### Coletar os dados
inflacao = BETS.get(433)
selic = BETS.get(4189)
cambio = BETS.get(3697)
industria = BETS.get(21940)

De posse desses dados, precisamos fazer algumas transformações. O código abaixo ilustra.


# Transformações
dselic = diff(selic)
dcambio = diff(cambio)
# Criar e projetar hiato t+1
hp = hpfilter(industria, freq=14400, type='lambda')
hiato = ts(hpcycle, start=start(industria), freq=12) hiatof = forecast(auto.arima(hiato, max.p=4, max.q=4,   seasonal = F), h=2, level=40)mean
hiato = ts(c(hiato, hiatof), start=start(industria), freq=12)
# Criar dummies sazonais
dummies = window(ts(seasonaldummy(inflacao), 
 start=start(inflacao), freq=12), start=c(2007,01)) 
# Juntar séries
data = window(ts.intersect(inflacao, dselic, dcambio, hiato),
 start=c(2007,01))
colnames(data) = c('inflacao', 'dselic', 'dcambio', 'hiato')

Observe que optamos nesse exercício por criar o hiato do produto a partir da produção industrial. Feitos os demais ajustes, o que temos são as séries abaixo.

Modelo VAR

Com essas séries, então, podemos estimar o modelo VAR. O código abaixo ilustra.


lag = VARselect(data, lag.max=12, type='trend', season = 12)
var = VAR(data, min(lag$selection), type='both', exogen = dummies)

Com o primeiro comando, nós definimos a defasagem e com o segundo estimamos o VAR, tomando o cuidado de colocar as dummies sazonais como variáveis exógenas. Uma vez feito isso, nós podemos gerar as previsões do modelo com o código abaixo.


h = 7
fvar = predict(var, n.ahead=h, ci=.4, dumvar=head(dummies,h))

Agora, com as previsões em mãos, podemos acumular a inflação em 12 meses e gerar um gráfico como abaixo.

As projeções geradas pelo modelo não são boas. A inflação acumulada em 12 meses terminaria 2017 em 4,85%, bem distante das previsões médias do mercado. Com efeito, vamos avançar um pouco mais, criando agora um vetor de correção de erros.

Modelo VEC

Para estimar o modelo VEC, vamos considerar todas as variáveis acima em nível. Precisamos também verificar se existe, de fato, cointegração entre as variáveis. Os códigos completos estão, a propósito, disponíveis na edição 34 do Clube do Código. Uma vez confirmado isso, podemos estimar o modelo, gerar as previsões e acumular a inflação prevista em 12 meses. O gráfico abaixo ilustra a trajetória da variável.

Com esse modelo, a inflação média prevista para o fim de 2017 vai para 4,53%, ainda bastante elevada se considerarmos as previsões médias do mercado. Desse modo, é preciso continuar melhorando o nosso modelo, incorporando outras variáveis, bem como gerando uma combinação das previsões entre os diversos modelos estimados. Os modelos do Banco Central, a propósito, não fazem uso da inflação cheia, mas sim da inflação de preços livres e de preços administrados, dado que os dois grupos possuem dinâmicas bastante distintas.

O objetivo do post, a propósito, foi o de mostrar como o R pode facilitar a estimação desse tipo de modelo, haja vista que para uma previsão com acurácia razoável, é necessário a estimação de diversos modelos, com pequenas modificações entre eles. Sem programação, imagine o trabalho que isso daria?

Por fim, cabe dizer que a área de Central Banking da Análise Macro, que será divulgada na próxima semana, irá contar, inicialmente, com três cursos. O primeiro a abrir inscrições será o curso de Teoria de Política Monetáriacujo objetivo será apresentar a teoria por trás da moderna condução da política monetária. Esse curso terá início em agosto. O segundo curso da área será o de Modelos do Banco Central com foco nos diversos modelos VAR/VEC e no modelo semi-estrutural de pequeno porte da autoridade monetária. Esse curso terá início em outubro. O último curso dessa saga será o de Modelos DSGE, com início previsto para dezembro. 

Os pré-requisitos para esses cursos são um bom conhecimento da linguagem R, que pode ser alcançado com o nosso curso de Introdução ao R e conhecimentos de econometria e séries temporais, que também podem ser alcançados em nossos cursos na área de Econometria. Ah, sim, falando nisso, temos turmas abertas começando na próxima semana, clique abaixo para conhecer...

 

 

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