Admita leitor, por simplificação, que todas as questões ideológicas ficaram em um passado distante. Sejamos pragmáticos: vivemos em uma economia de mercado regida única e exclusivamente pelo mecanismo de preço e pronto. Nessa organização social produtores e consumidores se encontram todos os dias para realizar transações comerciais e financeiras. Nesse mundo existe uma instituição chamada Estado que pode dificultar ou facilitar a vida dessas pessoas. O que ele vai escolher?
Fazer negócios no Brasil é difícil, não é fácil. Em um ranking que mede a facilidade [ou dificuldade] de se fazer negócios em 183 países, nossa economia encontra-se na desonrosa 126ª posição. E o que é pior: nós caímos seis posições na passagem de 2011 para 2012! Entre os tópicos avaliados pela pesquisa estão os procedimentos necessários para abrir uma empresa, recolher impostos, conseguir crédito, ter acesso a eletricidade, resolver pendências jurídicas etc. O Brasil vai mal em todas elas.
O número de procedimentos para abrir um negócio no Brasil é mais do que o dobro da média dos países da OCDE (os países desenvolvidos). Isso, naturalmente, se reflete no tempo: em média é quase dez vezes mais demorado aqui do que lá!
Especificamente no item Paying Taxes nós ocupamos a 150ª posição. Uma empresa de médio porte gasta cerca de 2.600 horas de trabalho por ano para dar conta de toda a burocracia envolvida no recolhimento de impostos. Isso é quase sete (SETE!) vezes mais o que levam em média os países da América Latina. Eu disse América Latina. Na média dos países da OCDE a diferença simplesmente dobra!
Já no item Cumprimento de Contratos, que envolve disputas jurídicas, nosso número é a 118ª posição. Nós levamos em média 731 dias desde o momento em que o autor entra com uma ação até o efetivo ressarcimento do dano. O Camboja leva 401 dias...
E eu poderia continuar com mais números sobre as dificuldades de se fazer negócio no Brasil, mas acho que o leitor já entendeu onde quero chegar com isso tudo. Pois é, você acha que toda essa dificuldade vai parar aonde, leitor amigo? Lá mesmo: no preço das coisas que compramos e vendemos.
Agora que já mostrei o queria, podemos abstrair aquela simplificação lá de cima e voltar a eterna discussão entre mais ou menos Estado. E, claro, caso você tenha ficado interessado no assunto, pode consultar outros números do Doing Business in Brazil aqui.