Uma das grandes preocupações dos economistas nessa pandemia era evitar que ocorresse um número grande de falências de empresas. Isso porque, quanto maior o número de falências, maior o impacto sobre o potencial de crescimento da economia. Para ilustrar esse argumento, nesse Comentário de Conjuntura fiz um exercício simples que verifica o efeito de um choque no número de falências sobre o PIB Potencial da economia brasileira.
Como proxy para essas séries, utilizei o PIB Potencial construído pela IFI, a Instituição Fiscal Independente, e o total de falências decretadas disponibilizado pelo Serasa Experian. Foi, então, construído um modelo de correção de erros e extraída a função de impulso-resposta, considerando um choque no número de falências e o seu efeito sobre o PIB Potencial. O gráfico a seguir ilustra.
O aumento no número de falências tem efeitos deletérios sobre o potencial de crescimento da economia, como era esperado. Isso porque, o efeito mais visível da falência de empresas é a destruição de capacidade produtiva.
Os dados do levantamento da Serasa vão até abril. Como é provável que haja uma defasagem não desprezível entre a empresa ter dificuldades de caixa e a decretação de uma falência, ainda não é possível verificar um aumento nesse número em 2020. Entretanto, dadas as imensas dificuldades de acesso a crédito e o impacto considerável da pandemia no caixa das empresas, é de supor que esse número mostre algum avanço nos próximos meses.
Caso isso se confirme, o efeito sobre a capacidade produtiva do país será considerável.
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