Hoje, enfim, o IBGE voltou a divulgar a taxa de desemprego completa da economia brasileira. Na passagem de julho para agosto houve um leve aumento, com inclusão de 39 mil pessoas na condição de desocupados. Isso fez com que a taxa de desemprego avançasse, em termos dessazonalizados, para 5%, contra 4,6% em junho e 4,8% em julho. O que chama atenção nos dados da Pesquisa Mensal de Emprego é o comportamento da população ocupada, como pode ser visto no gráfico ao lado. Ela tem crescido ou de forma negativa ou bem próxima à nulidade nos últimos 12 meses. É um resultado coerente com os dados do CAGED, uma pesquisa de fluxo de empregados e desempregados do Ministério do Trabalho. Significa dizer que a geração de vagas, de fato, perdeu fôlego, diante do baixo crescimento da economia brasileira. O efeito disso sobre o desemprego, entretanto, vai depender do comportamento da procura por emprego nos próximos meses, como mostro abaixo.
A continuar o comportamento da procura por emprego como nos últimos meses, a despeito de um crescimento na geração de empregos tímido, a taxa de desemprego encerrará 2014 no intervalo entre 4,7% e 5,1%, com projeção centrada em 4,9%. Significa dizer que o desemprego se reduzirá em relação a 2013, quando foi, em média, de 5,4%. É ao menos o que diz o SARIMA que eu voltei a estimar hoje de manhã, com a atualização dos dados de maio, junho, julho e agosto da PME. No início de 2015, dada a sazonalidade intrínseca da série, o desemprego volta a aumentar, como mostra a projeção contida no gráfico acima.
Para o leitor atento não há muito o que comemorar, certo? Ora, o que eu disse foi que o desemprego irá se reduzir em 2014 - frente 2013 - a despeito do baixo crescimento na geração de vagas. Em outros termos, isso só pode estar acontecendo se a procura por emprego encontra-se limitada. Pois é. Abaixo eu coloco três gráficos com o comportamento da procura por emprego (medida pelo crescimento da população economicamente ativa) e da geração de vagas (medida pelo crescimento da população ocupada). O crescimento da PEA tem sido menor do que da ocupação, o que vai garantir uma taxa de desemprego menor esse ano. Em termos interanuais, a PEA cresce negativamente há 11 meses, com média de -0,8%!
A baixa taxa de desemprego me parece ter o mesmo efeito do biquini: esconde o essencial. Nesse caso, a dinâmica do mercado de trabalho... 🙁