"Inflação do bem" e a batalha dos próximos anos

Ao longo de sua História, o país tem convivido de forma pouco saudável com a inflação. Basta ler qualquer livro, paper, artigo de opinião ou mesmo as memórias de nossas principais economistas para ver como fomos lenientes na maior parte do tempo com essa doença. O professor José Júlio Senna assim resume:

"Foram poucos os períodos em que o controle da inflação representou o objetivo principal da política monetária. De modo geral, o ritmo de expansão monetária tomava por base suposta escassez de moeda, ou visava atender ao que se costumava chamar de 'necessidades' do comércio ou da indústria. Ora a criação de moeda financiava diretamente o governo, ora acompanhava a expansão do crédito. Não raro, as duas coisas ocorriam ao mesmo tempo. Dessa inclinação expansionista resultava inflação. A situação não se alterou com a criação do Banco Central do Brasil (BCB). Levou algumas décadas até que se chegasse a um modelo saudável de controle do crescimento de preços, cuja preservação ninguém pode assegurar". (Política Monetária, ideias, experiências e evolução, editora FGV)

Ninguém mesmo, leitor, haja visto o que tem saído na imprensa nos últimos anos. A defesa da inflação, antes envergonhada e em geral disfarçada no combate às medidas convencionais de controle da praga, vai se escancarando, como se a História [ou a teoria, ou a soma de evidências empíricas] nada ensinasse[m] a alguns de nossos economistas. Dado que os inflacionistas estão no poder, com seus pitorescos conceitos, como convergência não linear à meta ou inflação do bem, será preciso ampla vigilância e reação dos economistas que aprenderam com a História [e com a teoria e evidência empírica]. O descontrole da inflação no país hoje, afinal, é um fato, queiram os economistas governistas, ou não. Será preciso, portanto, muita paciência e didática aos economistas, para que convençam a sociedade a pressionar os inflacionistas. Isso evitaria a espiral inflacionária, que hoje se observa na Argentina e na Venezuela. A batalha, leitor, apenas começou.

Compartilhe esse artigo

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email
Print

Comente o que achou desse artigo

Outros artigos relacionados

Construindo RAG para Análise do COPOM com SmolAgents

Este exercício demonstra, passo a passo, como aplicar o conceito de Retrieval-Augmented Generation (RAG) com agentes inteligentes na análise de documentos econômicos. Utilizando a biblioteca SmolAgents, desenvolvemos um agente capaz de interpretar e responder a perguntas sobre as atas do COPOM com base em buscas semânticas.

Como criar um Agente de IA?

Unindo conhecimentos sobre Tools, LLMs e Vector Stores, agora é hora de integrar diferentes conceitos e aprender a construir um Agente de IA completo. Neste post, nosso objetivo será criar um Agente capaz de responder perguntas sobre o cenário macroeconômico brasileiro, utilizando dados de expectativas de mercado do Boletim Focus do Banco Central do Brasil (BCB) e o framework LangChain no Python.

Como criar um Supervisor de Agentes com LangGraph

Este tutorial mostra como construir um supervisor multiagente usando LangGraph, integrando dois agentes especialistas: um focado em pesquisa na internet com Tavily e outro especializado em operações matemáticas. Para orquestrar esses agentes, utilizamos o modelo Gemini 2.0 da Google.

Boletim AM

Receba diretamente em seu e-mail gratuitamente nossas promoções especiais e conteúdos exclusivos sobre Análise de Dados!

Boletim AM

Receba diretamente em seu e-mail gratuitamente nossas promoções especiais e conteúdos exclusivos sobre Análise de Dados!

como podemos ajudar?

Preencha os seus dados abaixo e fale conosco no WhatsApp

Boletim AM

Preencha o formulário abaixo para receber nossos boletins semanais diretamente em seu e-mail.