Após um breve recesso de final de ano para recarregar as baterias, estamos de volta aqui no Blog da Análise Macro. E como anunciado no mês passado, a partir desse mês, os códigos completos de todos os posts publicados aqui serão enviados para os membros do Clube AM, um grupo exclusivo com acesso a códigos e troca de informações entre os membros. Para começar, como faço todos os anos, vamos dar uma olhada nas expectativas do boletim Focus do Banco Central para 2021.
Os dados do boletim Focus trazem expectativas de mais de uma centena de instituições para diversas variáveis macroeconômicas brasileiras. Para começar, vamos dar uma olhada nas expectativas para inflação, taxa Selic, crescimento do PIB e taxa de câmbio para esse ano.
O mercado espera uma recuperação cíclica do PIB esse ano, mas nada muito espetacular. A expectativa é de um crescimento médio próximo a 3,4%, com um máximo centrado em 5,3%. A inflação, por seu turno, deve se manter comportada, ao redor de 3,3%. Já a taxa de câmbio R$/US$ fecha próximo a 5, enquanto a taxa Selic deve fechar próxima a 3,2%.
Em palavras outras, se o consenso de mercado estiver correto, teremos uma recuperação cíclica bem meia-boca esse ano.
O boletim Focus também traz expectativas para outras variáveis macroeconômicas, além das citadas anteriormente. Por exemplo, podemos ver o que o mercado espera para o IGP-M, para os preços administrados e para a produção industrial.
Há muita variância nas expectativas para o IGP-M, um índice um pouco mais complicado de gerar previsões. A média das projeções indica um IGP-M próximo a 4,4% em 2021. Os preços administrados, por seu turno, devem ficar em 4,17%, enquanto espera-se que a produção industrial feche em 4,95%.
Também é possível ver o que o mercado espera para o setor externo. Os gráficos abaixo ilustram.
Espera-se um superávit de US$ 55,3 bilhões para a balança comercial, enquanto para a conta corrente o consenso médio do mercado espera um déficit de US$ 15,2 bilhões. Novamente aqui, chama atenção a variância das previsões.
Um dos pontos mais críticos da atual conjuntura econômica brasileira é a fragilidade fiscal, dadas as medidas que foram tomadas para amenizar os efeitos da pandemia do coronavírus. Para 2021, por suposto, essa agonia fiscal deve continuar, como pode ser visto nos gráficos a seguir.
O déficit primário esperado para 2021 é de 3,26%, enquanto o déficit nominal é de 6,81%. Isto é, ainda teremos números superlativos no campo fiscal, o que deve contribuir para a manutenção de níveis ainda elevados de incerteza no ambiente econômico.