Falências e PIB Potencial: o efeito permanente do choque

Uma das grandes preocupações dos economistas nessa pandemia era evitar que ocorresse um número grande de falências de empresas. Isso porque, quanto maior o número de falências, maior o impacto sobre o potencial de crescimento da economia. Para ilustrar esse argumento, nesse Comentário de Conjuntura fiz um exercício simples que verifica o efeito de um choque no número de falências sobre o PIB Potencial da economia brasileira.

Como proxy para essas séries, utilizei o PIB Potencial construído pela IFI, a Instituição Fiscal Independente, e o total de falências decretadas disponibilizado pelo Serasa Experian. Foi, então, construído um modelo de correção de erros e extraída a função de impulso-resposta, considerando um choque no número de falências e o seu efeito sobre o PIB Potencial. O gráfico a seguir ilustra.

O aumento no número de falências tem efeitos deletérios sobre o potencial de crescimento da economia, como era esperado. Isso porque, o efeito mais visível da falência de empresas é a destruição de capacidade produtiva.

Os dados do levantamento da Serasa vão até abril. Como é provável que haja uma defasagem não desprezível entre a empresa ter dificuldades de caixa e a decretação de uma falência, ainda não é possível verificar um aumento nesse número em 2020. Entretanto, dadas as imensas dificuldades de acesso a crédito e o impacto considerável da pandemia no caixa das empresas, é de supor que esse número mostre algum avanço nos próximos meses.

Caso isso se confirme, o efeito sobre a capacidade produtiva do país será considerável.

____________________

(*) Conheça nosso Curso de Macroeconometria usando o R e aprenda a entender o organismo econômico por meio de equações.

(**) Você aprende a coletar, tratar, analisar e apresentar dados com o R em nossos Cursos Aplicados de R.

(***) Os alunos do plano premium dos nossos Cursos Aplicados de R  têm acesso a mais de 70 exercícios do Clube do Código.

Compartilhe esse artigo

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email
Print

Comente o que achou desse artigo

Outros artigos relacionados

Como se comportou a Taxa de Participação no Brasil nos últimos anos? Uma Análise com a Linguagem R

O objetivo deste estudo é analisar a evolução da Taxa de Participação no Brasil, contrastando-a com a Taxa de Desocupação e decompondo suas variações para entender os vetores (populacionais e de força de trabalho) que influenciam o comportamento atual do mercado de trabalho. Para isso, utilizamos a linguagem R em todo o processo, desde a coleta e o tratamento das informações até a visualização dos resultados, empregando os principais pacotes disponíveis no ecossistema da linguagem.

Como se comportou a inflação de serviços no Brasil nos últimos anos?

Uma análise econométrica da inflação de serviços no Brasil comparando os cenários de 2014 e 2025. Utilizando uma Curva de Phillips própria e estimativas da NAIRU via filtro HP, investigamos se o atual desemprego nas mínimas históricas repete os riscos do passado. Entenda como as expectativas de inflação e o hiato do desemprego explicam o comportamento mais benigno dos preços atuais em relação à década anterior.

Como se comportou o endividamento e a inadimplência nos últimos anos? Uma análise utilizando a linguagem R

Neste exercício realizamos uma análise sobre a inadimplência dos brasileiros no período recente, utilizando a linguagem R para examinar dados públicos do Banco Central e do IBGE. Investigamos a evolução do endividamento, da inadimplência e das concessões de crédito, contextualizando-os com as dinâmicas da política monetária (Taxa Selic) e do mercado de trabalho (renda e desemprego).

Boletim AM

Receba diretamente em seu e-mail gratuitamente nossas promoções especiais e conteúdos exclusivos sobre Análise de Dados!

Boletim AM

Receba diretamente em seu e-mail gratuitamente nossas promoções especiais e conteúdos exclusivos sobre Análise de Dados!

como podemos ajudar?

Preencha os seus dados abaixo e fale conosco no WhatsApp

Boletim AM

Preencha o formulário abaixo para receber nossos boletins semanais diretamente em seu e-mail.