Na semana passada, eu comentei aqui nesse espaço sobre a desvalorização dos preços da Petrobras como reação à intervenção do Palácio do Planalto. Já aqui, no Comentário de Conjuntura dessa semana, vamos falar um pouco sobre os preços da gasolina e sua relação com os preços internacionais do petróleo.
Os membros do Clube AM, como sempre, têm acesso aos códigos completos desse Comentário e também a um vídeo explicativo sobre como rodar os códigos.
Os preços da gasolina e demais combustíveis estão disponíveis no site da ANP. Já os preços do petróleo estão disponíveis em várias bases de dados. Aqui, nós usamos os dados disponíveis no FRED Economic Data.
Além dessas séries, também peguei os dados do IPCA para que possamos deflacionar os preços nominais da gasolina. A seguir, podemos ilustrar como variou o preço da gasolina ao longo dos últimos anos e também os seus preços mínimos e máximos ao longo do tempo.
Ao olhar para os dados, não parece existir uma mudança muito alta nos preços médios ao longo do tempo. O "problema" na revenda, em um primeiro olhar, parece residir no tamanho do intervalo dos preços, isto é, na diferença entre preços mínimos e máximos, que no gráfico acima é representado pela área azul clara.
Como se sabe, a Petrobras reajusta os preços de combustíveis nas refinarias de acordo com os preços internacionais do petróleo, o que, diga-se, é um critério correto. A seguir, damos uma olhada nesses preços.
Olhando para os dados do brent, houve um vale nos preços por causa da pandemia. A recuperação desses preços, por certo, deve ser repassada para os preços domésticos de combustíveis. A seguir, o mesmo comportamento pode ser visto no WTI.
O mesmo comportamento, como esperado, é observado no WTI, o que sugere uma recuperação do mercado de petróleo ao longo do ano de 2020, após o pior momento da pandemia. Para além disso, há relação entre os preços da gasolina e os preços internacionais de petróleo?
Parece existir uma correlação positiva entre as séries do WTI e do Brent com os preços médios da gasolina comum. De fato, há alguma evidência de que essa correlação também implica em causalidade, no sentido dos preços internacionais do petróleo para a gasolina, como mostra a aplicação do Procedimento de Toda-Yamamoto às séries.
A correlação positiva entre as séries, diga-se, não parece ser linear ao longo de toda a amostra, como pode ser visto no gráfico acima.
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