Um país frustrante

Há uma séria frustração com a economia brasileira. E não estou me referindo propriamente ao resultado do PIB do 2º trimestre divulgado ontem pelo IBGE. Desde o 2º trimestre de 2014, os resultados apresentados pela economia brasileira têm sido pífios. Para ser bondoso. O gráfico abaixo ilustra o comportamento da variação marginal do PIB, isto é, quando se confronta o PIB em t contra o PIB em t-1. Das 29 observações dessa métrica desde então, 14 delas foram negativas.

Nos últimos trimestres, como também é possível verificar no gráfico acima, o PIB vem lentamente convergindo para uma variação na margem estagnada, após alguma recuperação cíclica do pior momento da pandemia no ano passado. Para além do curtíssimo prazo, o que se vê é um PIB que converge para a mediocridade.

Não há, por suposto, sinais de melhora no ar. A conjuntura de curto prazo está repleta de fumaça, com um ambiente político carregado, risco fiscal ampliado, choques inflacionários importantes que levam a aumento de juros e, ainda, um risco de racionamento de energia rodeando o cenário.

Frustrante.

Mas quem disse que não pode piorar? Quando se olha para 2022, o quadro político-eleitoral se desenha com um pessimismo atroz. Resquícios de crueldade do autor da novela.

Pensando bem, não sei se existe um autor de novela tão criativo para escrever algo como o enredo da política brasileira.

Diga você, leitor.

___________________________________

(*) A análise completa do PIB é ensinada no nosso Curso de Análise de Conjuntura usando o R.

Compartilhe esse artigo

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email
Print

Comente o que achou desse artigo

Outros artigos relacionados

Tratamento e transformação de séries temporais macroeconômicas para modelagem

"Garbage in, garbage out" é a regra de ouro na previsão macroeconômica. Antes de aplicar qualquer modelo de IA ou econometria para prever indicadores como o IPCA ou o PIB, existe um trabalho crucial de tratamento de dados. Neste post, abrimos os bastidores do nosso dashboard de previsões e mostramos o passo a passo para transformar dados brutos de múltiplas fontes (como BCB, IBGE e FRED) em séries prontas para modelagem. Veja como lidamos com diferentes frequências, aplicamos transformações e usamos metadados para criar um pipeline de dados robusto e automatizado.

Como planejar um pipeline de previsão macroeconômica: da coleta ao dashboard

Montar um pipeline de previsão macroeconômica não é apenas uma tarefa técnica — é um exercício de integração entre dados, modelos e automação. Neste post, apresento uma visão geral de como estruturar esse processo de ponta a ponta, da coleta de dados até a construção de um dashboard interativo, que exibe previsões automatizadas de inflação, câmbio, PIB e taxa Selic.

Coletando e integrando dados do BCB, IBGE e IPEA de forma automatizada

Quem trabalha com modelagem e previsão macroeconômica sabe o quanto é demorado reunir dados de diferentes fontes — Banco Central, IBGE, IPEA, FRED, IFI... Cada um com sua API, formato, frequência e estrutura. Esse gargalo de coleta e padronização consome tempo que poderia estar sendo usado na análise, nos modelos ou na comunicação dos resultados.

Foi exatamente por isso que criamos uma rotina de coleta automatizada, que busca, trata e organiza séries temporais econômicas diretamente das APIs oficiais, pronta para ser integrada a pipelines de previsão, dashboards ou agentes de IA econometristas.

Boletim AM

Receba diretamente em seu e-mail gratuitamente nossas promoções especiais e conteúdos exclusivos sobre Análise de Dados!

Boletim AM

Receba diretamente em seu e-mail gratuitamente nossas promoções especiais e conteúdos exclusivos sobre Análise de Dados!

como podemos ajudar?

Preencha os seus dados abaixo e fale conosco no WhatsApp

Boletim AM

Preencha o formulário abaixo para receber nossos boletins semanais diretamente em seu e-mail.