"Saídas para a Crise" no Roda Viva: economistas pró-mercado vs. economistas pró-empresários

A TV Cultura reuniu no último programa da série "Saídas para a Crise" cinco economistas, dentre os quais Samuel Pessôa, Alexandre Schwartsman e Mascos Lisboa. Este último, por suposto, usou uma antítese muito boa, que define precisamente qual o real embate na profissão. O debate que vale a pena ter nesse momento não é entre heterodoxos vs. ortodoxos, economistas de esquerda vs. economistas de direita, mas sim entre aqueles que veem no mercado uma forma de gerar riqueza e outros que acreditam que é preciso despertar o animal spirit de alguns empresários escolhidos.

Nos últimos seis anos, os economistas pró-empresários assessoraram o governo, dando toda a sorte de conselhos com origem nacional-desenvolvimentista. Viam com maus olhos os aventureiros que vêm de fora, foram a favor das desonerações fiscais, alegravam-se com a existência do BNDES, incentivaram a modicidade tarifária no setor elétrico, defenderam o conteúdo nacional na indústria do petróleo, queriam o pré-sal para a Petrobras, foram a favor do "controle" da inflação via preços administrados, etc, etc. E, claro, olham hoje, um tanto quanto espantados, para os empresários e perguntam: por que vocês não investiram?

O economista Samuel Pessôa resumiu os equívocos dos economistas pró-empresários: crescimento não é questão de vontade. Ele é fruto da correta condução da política econômica, de um arranjo institucional sólido e de incentivos colocados no lugar. Os empresários não investiram, simplesmente, porque nada disso estava posto nos últimos seis anos. Em outros termos, para voltarmos a crescer, para sairmos dessa crise, leitor, precisamos arrumar a macroeconomia sim [fazer os três ajustes], mas precisaremos ir além, reconduzindo a microeconomia para o esforço reformista que vigorou nesse país até às vesperas da quebra do Lehman, em setembro de 2008 [há exatos 7 anos]. Para ficar claro: o sistema político brasileiro precisará voltar a dar voz aos economistas pró-mercado, caso contrário esse país não voltará a crescer a taxas minimamente satisfatórias.

O debate na TV Cultura está um primor, leitor: recomendo a todos, nesses dias frios de setembro... 🙂

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