Exercício: quebra estrutural no mercado de trabalho?

correlaçãoNo artigo dessa semana - que publico aqui em breve - trato a questão do desemprego. A ideia é prever a taxa de desemprego para o restante de 2014, levando em consideração trajetórias para a população ocupada e para a população economicamente ativa. Só passei por aqui hoje para deixar um exercício interessante que tenho feito nas últimas semanas. Haveria uma quebra estrutural no jeito de entender o mercado de trabalho brasileiro? Em outras palavras, se antes de 2009 era verdade que menor crescimento (menor geração de vagas) estava correlacionado com o aumento do desemprego, hoje não necessariamentePara interessados em mercado de trabalho, deixo dois gráficos. O ao lado é a correlação acumulada a cada nova observação entre o saldo de admitidos e demitidos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED/Ministério do Trabalho) e o desemprego dessazonalizado. O gráfico abaixo mostra o comportamento das duas séries: do saldo do CAGED e do desemprego.

saldocaged

Antes de 2009 a correlação entre elas era forte: reduções na geração líquida de vagas estavam correlacionadas a aumentos de desemprego. Hoje, não necessariamente. Um estudo do Bradesco no ano passado, por exemplo, estimava que abaixo de 50 mil vagas no CAGED havia pressão para o aumento do desemprego. Neste há a aproximação da metodologia do CAGED à PME, verificando causalidade entre CAGED e a PME. Hoje esse número de 50 mil é provavelmente menor. Sendo assim, fica a pergunta e o exercício: por quê? O que causou essa redução da correlação entre geração de vagas no CAGED e desemprego? Além disso, a correlação acima significa causalidade? Como mostrar? 

Update: na primeira versão do post estava com pressa e acabei esquecendo de colocar que a causalidade no sentido de Granger é entre a média móvel de 12 meses do SALDO_CAGED e a primeira diferença do Desemprego_PME dessazonalizado, entre duas e três defasagens, para o período de jan/2003 a mar/2014. Isto porque, a série de desemprego é I(1), enquanto o saldo do CAGED é I(0), pelos testes normais de raiz unitária. Agradeço ao Claudio Shikida por notar a "olho nu" a não-estacionariedade da série de desemprego.   

ps: quem quiser o arquivo do eviews, mandar e-mail para macroeconomia@vitorwilher.com.

Compartilhe esse artigo

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email
Print

Comente o que achou desse artigo

Outros artigos relacionados

Como automatizar o tratamento de dados feito no Excel usando o Python?

Segundo a pesquisa “State of Data Science”, profissionais de dados gastam 3 horas/dia (38% do tempo) apenas preparando os dados, antes mesmo de analisá-los. Neste artigo advogamos que este gasto de tempo pode ser drasticamente reduzido ao utilizar ferramentas open source, como Pandas e Python, para automatizar tarefas repetitivas que costumam ser feitas em Excel.

A gramática dos gráficos: como deixar de criar gráficos no Excel e usar o plotnine no Python

A etapa de visualização de dados refere-se a uma parte fundamental da análise de dados, pois permite não somente compreender os dados que estamos analisando, mas como também é uma ferramenta útil para explanar os resultados encontrados. Mas qual a forma mais fácil de construir um gráfico, como podemos melhorar a produtividade nesta tarefa? É onde podemos aplicar a gramática dos gráficos e construir com a biblioteca plotnine no Python.

como podemos ajudar?

Preencha os seus dados abaixo e fale conosco no WhatsApp

Boletim AM

Preencha o formulário abaixo para receber nossos boletins semanais diretamente em seu e-mail.