Sazonalidade e mercado de trabalho: como anda o emprego no Brasil?

saldocagedHoje saiu um dado interessante: o saldo entre admitidos e demitidos do Ministério do Trabalho. Eu já falei dele algumas vezes por aqui. A notícia de hoje refere-se ao saldo líquido de 101.425 vagas criadas no mês de agosto. Muita gente no governo deve ter comemorado, já que o resultado de julho foi de míseras 11.796 vagas geradas. Mas será que podemos comemorar mesmo esse resultado? Ou seria mais prudente uma análise mais detida dos dados? No presente post mostro que é preciso ter cautela sobre o mercado de trabalho brasileiro.

O gráfico do saldo entre admitidos e demitidos do CAGED, posto acima, já deveria trazer cautela. Ou seja, antes de soltar fogos pelo resultado de agosto é preciso levar em consideração o padrão sazonal da série. Para tornar a análise desse padrão um pouco mais visual para o leitor, nada melhor do que agrupar a média histórica de cada mês e observar como essas médias se comportam ao longo do ano. Isso é feito no gráfico seguinte.

mediamensal

As linhas vermelhas representam o resultado de cada ano naquele mês, entre 1999 e 2014. A média histórica de cada mês é representada pela linha preta tracejada, enquanto a bolinha azul é o resultado de 2014. Observe, desse modo, que a bolinha azul se mantém abaixo da linha tracejada durante todo o ano (à exceção, apenas, de fevereiro). Em outras palavras, o saldo entre admitidos e demitidos tem se mantido em 2014 abaixo da média histórica. Inclusive, diga-se, no mês de agosto.

Observe ainda que agosto e setembro são meses de expansão da geração líquida - a média histórica de agosto é maior do que a de julho, enquanto a de setembro é maior do que a de agosto. Isso, claro, é para dar conta das vendas do final de ano. O ministério do trabalho, entretanto, já anunciou que não espera grande coisa em setembro, logo é preciso ter ainda mais cautela sobre os números do emprego nos meses restantes do ano, dado o padrão sazonal da série.

Dado o baixo crescimento da economia, as previsões para o emprego tem se tornado claramente pessimistas nos últimos meses. Pena que não temos a PME desde maio, não é mesmo? O fluxo do CAGED, como visto, tem sido menor que a média histórica. E as pessoas ainda querem falar que o baixo crescimento não afeta o emprego, hein? 🙁

 

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