Um relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) foi divulgado com o sugestivo título "Rethinking Reforms: How Latin America and the Caribbean Can Escape Suppressed World Growth". Lá são postos dados sobre o que nove em cada dez economistas têm dito ao longo dos últimos meses sobre os problemas da economia brasileira. O relatório deixa a cargo de cada país escolher as reformas específicas que aumentariam o que nós economistas chamamos de Produtividade Total dos Fatores (PTF), o que nada mais é do que o crescimento que não é derivado do aumento do fator trabalho ou do capital no processo produtivo, mas do melhor uso desses fatores. Chama atenção, porém, para dois grupos de reformas que seriam particularmente importantes para esses países: i) mercado de trabalho; ii) poupança doméstica e investimento em infraestrutura. O gráfico acima é uma síntese do que a falta dessas reformas estruturais gera em termos de impacto negativo na produtividade. Enquanto os países asiáticos têm elevado a PTF vis-à-vis os EUA, os países da América Latina declinam. Além disso, um quase alerta para o governo brasileiro é dado logo no prefácio:
"This report argues that there is limited space for traditional fiscal and monetary macroeconomic policies and countries should consider more structural reforms".
O capítulo 4 do relatório irá tratar especificamente dos limites do uso de instrumentos fiscais e monetários para "promover" maior crescimento. Ou seja, o uso da política econômica, leitor, não é uma panaceia, como querem alguns economistas ligados ao governo. No capítulo imediatamente posterior, o relatório trata dos efeitos benéficos que reformas econômicas teriam sobre a produtividade dos países. Para uma região onde, de forma geral, existem gaps consideráveis de infraestrutura, reformas que construam um marco regulatório estável podem tornar o crescimento potencial dessas economias muito superior ao atual.
As conclusões do relatórios deveriam ser triviais para qualquer economista, dado o avanço da teoria econômica nos últimos 80 anos. Entretanto, como podemos observar pelo comportamento do próprio governo brasileiro, nada parece ser consensual. E a culpa não é da teoria: é das pessoas que estão conduzindo a política econômica.
O relatório completo pode ser conferido aqui em inglês ou espanhol.