Estudantes de economia são expostos desde muito cedo a um dos mais caros conceitos do projeto de pesquisa keynesiano: o multiplicador de gastos autônomos. A ideia é simples: o gasto realizado pelo setor público gera efeitos multiplicadores sobre a economia, ao ativar tanto o consumo quanto o investimento privados. A imagem comumente utilizada é poderosa: uma pedra jogada em um lago, que provoca ondas secundárias, representando os efeitos multiplicadores da ação pública. Evidências empíricas sobre esse efeito dinâmico do gasto público, que provocaria um crowding in sobre o investimento privado? Muito poucas e, em geral, com pouca robustez. Evidências contrárias ao efeito multiplicador? Ao invés de crowding in, crowding out? Um paper do FMI aqui, recém saído do forno.
Relendo um artigo do Professor Márcio Garcia, da PUC-Rio, me deparei com o interessante seguinte trecho:
"Os bons macroeconomistas brasileiros estão roucos de afirmar a necessidade de mudar o mix de políticas macroeconômicas para se ter uma política fiscal menos expansionista e uma política monetária mais frouxa. Entretanto, nosso sistema político parece incapaz de gerar coalizões que consigam conter de forma duradoura a expansão de gastos públicos".
Roucos e calvos... 🙂
O artigo possui o título "Zumbis Econômicos" e pode ser lido aqui.