Ao divulgar o crescimento do PIB de 2012 na semana passada, o ministro da Fazenda colocou o pífio resultado de 0,9% [frente 2011] basicamente na conta da crise internacional. Mas para o leitor atento, isso beira à esquizofrenia, por basicamente um único motivo: a economia brasileira não é lá muito "aberta" em relação ao resto do mundo. Em outros termos, o comércio internacional não é, em termos relativos, um componente importante para a economia brasileira. O nosso coeficiente de abertura, obtido pela média simples entre exportações e importações dividido pelo PIB, não ultrapassou os 14% no último trimestre do ano passado. No gráfico ao lado é possível verificar que ao longo da primeira década do século XXI esse número se manteve em um intervalo bastante tímido.
Se isso não bastasse, leitor, some mais um dado do outro lado do balanço de pagamentos. Na série histórica desde 1947, o ano de 2012 só perde para o ano anterior em termos de maior volume de ingresso de Investimento Estrangeiro Direto líquido (IED). O montante líquido que entrou no país, US$ 65,2 bilhões, não só foi suficiente para financiar o déficit em transações correntes, como ainda sobrou um "troco" de mais de US$ 10 bilhões. E assim, pergunto: que crise é essa pela qual o ministro está culpando o baixo crescimento brasileiro? Ele deveria olhar para os fatores domésticos, como 10 em cada 10 economistas sérios estão olhando nesse exato momento.