No Relatório AM dessa semana, vamos comentar sobre o setor de crédito. Como podemos ver nos gráficos abaixo, as concessões de crédito nos últimos anos contam a história recente da economia brasileira através da confiança que os credores têm no estado geral da economia, no caso das concessões livres. Essa medida, que de modo geral está em escala muito maior que o crédito direcionado, sofreu forte impacto com a crise de 2016, porém já estava em plena recuperação no começo de 2020. Com a incerteza causada pela pandemia, há um duro choque nas concessões, porém os dados indicam novamente a recuperação. Por outro lado, o crédito direcionado, que esteve em seu auge até 2015, não se recuperou da crise de 2016, aumentando apenas durante a pandemia, com a concessão de crédito sendo utilizada como um combate à recessão.
Outro efeito da crise de 2016 que pode ser observado é o recuo da participação do crédito privado no crédito total. Isso pode ser considerado indicativo de que, com o estouro da crise, os credores estavam sendo mais cautelosos frente à incerteza da economia, o que é corroborado pela diminuição do estoque de crédito entre seu pico em 2016 e 2019.
Para finalizar, visualizamos abaixo a pesquisa trimestral de condições de crédito. É interessante notar que os movimentos não são perfeitamente sincronizados com a tendência generalizada, com a oferta de crédito habitacional e para grandes empresas sendo desfavorecida logo no começo de 2015, enquanto que o crédito para consumo e para pequenas empresas (MPMEs) demorou a se retrair. Com a pandemia, todos os 4 tipos tiveram redução nas condições de oferta, e, apesar das últimas pesquisas apresentarem melhora, o patamar do final de 2019 não foi recuperado.
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