Crônicas Urbanas

“Vasco cai para a segundona”, eram as manchetes do dia seguinte. A verdade é que um time grande não cai do dia para a noite. Ele começa a cair muito antes de entrar em campo. São anos de más administrações, má estruturação das divisões de base, más contratações e mil outros fatores. O fato é que o último jogo, o derradeiro, é apenas o fim de uma triste estória. Talvez por perceber tudo isso que naquela fatídica tarde de domingo, com o time indo mal das pernas, a torcida do Vasco, entre lágrimas e suspiros, reafirmou o seu amor pelo clube. Entoou o hino, um dos mais belos do país, do início ao fim, por repetidas vezes. Nascia ali o slogan que marcaria a passagem do Vasco pela série B do campeonato brasileiro: o sentimento não pode parar.
Madrugada quente no Rio de Janeiro. Para distrair o vazio do quarto e a insônia que já me acompanha há anos, releio Dom Casmurro. Esbarro, como um bêbado em dia de ressaca, por mais de uma vez, com os “olhos oblíquos e dissimulados de Capitu”. Na primeira passo batido, assim como na segunda. Na terceira vez que releio essa passagem, entretanto, um raio cai em minha cabeça: penso na Ana.
Nos últimos anos tenho tido um sentimento paradoxal pelo mês de dezembro. Não é coisa outra que não seja uma caduquice precoce, dessas de meia-idade. O fato é que me sinto o melhor dos homens na primeira quinzena do referido mês. Vai chegando o dia 20 e lá estou eu, mergulhado em profunda melancolia. Apesar de parecer ao leitor cético mais uma patologia dos tempos modernos, é coisa que se explica.

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