O Brasil já pode se comparar à Noruega em ao menos uma coisa: dias trabalhados para pagar imposto. O pessoal do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário) publica todos os anos um estudo sobre quantos dias um trabalhador médio leva para pagar todos os impostos federais, estaduais e municipais. Em 2014 o brasileiro de rendimento médio levará 151 dias para pagar todos os impostos. É mais do que a Alemanha, Reino Unido, Canadá, Japão, Suiça, EUA e tantos outros países desenvolvidos.
Mas não é apenas isso: se você não está nos extremos da distribuição, as notícias ainda pioram, leitor: para quem ganha entre R$ 3 mil e R$ 10 mil, levam-se 161 dias, 10 a mais do que o rendimento médio. Bom, imposto de primeiro mundo a gente já paga e os bens e serviços públicos? Outro estudo do mesmo IBPT procura responder essa pergunta. O instituto criou o Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade (IRBES), que avalia a relação entre carga tributária e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Dado que mede o quanto o país necessita arrecadar para melhorar a qualidade de vida da população, é um índice de eficiência do Estado. Pois nesse índice, entre 30 países avaliados, somos o último. Em outras palavras, temos a pior relação entre carga tributária e IDH: a primeira é muito alta e o segundo é baixo.
Pois é, leitor, melhorar a eficiência do estado brasileiro é mais do que urgente: é para ontem! Só acho difícil que isso aconteça enquanto as pessoas - vestidas de suas respectivas ideologias - continuarem a discutir se tem que ter mais ou menos estado na economia. É uma discussão tão pobre, tão pobre, que deveria ter terminado no século XVIII. Grande ou pequeno quem decide é a sociedade, via constituição, logo é perda de tempo ficar discutindo isso. É preciso discutir e cobrar eficiência, que é o que importa, no final das contas. Os estudos do IBPT aqui e aqui.