O boletim Focus divulgado agora há pouco pelo Banco Central trouxe uma boa notícia: as expectativas para a queda do PIB recuaram pela primeira vez desde o início da pandemia. Agora, o mercado espera -6,5%, contra -6,51% na semana passada. A magnitude, por óbvio, é irrelevante, importante que a expectativa média parece ter encontrado uma espécie de fundo do poço para a queda do PIB esse ano.
A inflação esperada para 2020 está em 1,64% e o câmbio esperado para o final do ano em 4,82 R$/US$. A Selic esperada para o fim do ano está em 2,05%. Abaixo, vemos também que houve um recuo no desvio-padrão das expectativas do boletim Focus, mostrando uma maior convergência das expectativas.
A ver se esse comportamento reflete uma tendência.
No nosso Curso de Análise de Conjuntura usando o R, nós ensinamos nossos alunos a coletar, tratar e visualizar dados macroeconômicos. Entre estes, está a análise dos dados contidos no boletim Focus, que é divulgado toda segunda-feira pelo Banco Central. A seguir, ilustramos como é possível pegar diversos dados do boletim com o pacote rbcb, como no exemplo abaixo.
library(rbcb)
data = get_annual_market_expectations(c('PIB Total', 'IPCA',
'Taxa de câmbio',
'Meta para taxa over-selic'),
start_date = '2019-01-01')
Com os dados importados, nós podemos visualizá-los como no gráfico abaixo.
A expectativa média para crescimento em 2020 segue se deteriorando, ficando agora em -6,46%, com um desvio-padrão ainda alto de 1,39 pontos percentuais. Já a expectativa para a inflação está agora em 1,55%, o câmbio no final do ano está em 5,22 R$/US$ e a taxa básica de juros em 2,18%. Abaixo, os desvios-padrão dessas expectativas.
As expectativas para o PIB e para a taxa de Câmbio seguem cercadas de grande incerteza, dada a dificuldade de extrair algum sinal confiável do ambiente econômico.
O IBGE divulgou na última sexta-feira o resultado do PIB no 1º trimestre de 2020. Como antecipado pelos indicadores de alta frequência, houve uma queda de 1,5% na margem, isto é, contra o 4º tri de 2019. Amanhã, no comentário de conjuntura semanal, eu vou divulgar a atualização do script de R para coleta, tratamento e visualização automatizada dos dados do PIB que utilizamos em nosso Curso de Análise de Conjuntura usando o R. O script torna bem mais simples a tarefa de lidar com esses dados, que são importados para o R diretamente do SIDRA/IBGE com o pacote sidrar.
O resultado do PIB, diga-se, alterou levemente a média e a mediana das expectativas do boletim Focus. Em 22/05, a expectativa média era de crescimento de -5,92%, já em 29/05, houve uma deterioração adicional para -6,16%. Ao longo da semana, as instituições que compõem o Focus devem atualizar as expectativas.
Um ponto que me chamou atenção no boletim Focus divulgado hoje pela manhã é que o crescimento mínimo se manteve em -11%. O gráfico acima ilustra.
Ainda que seja cedo para dizer, pode ser o início de um consenso em torno do fundo do poço para a economia brasileira esse ano.
Como tenho escrito nesse espaço todas as segundas-feiras, o boletim Focus do Banco Central conta com uma rica base de dados sobre expectativas dos agentes a respeito de diversas variáveis macroeconômicas. Temos, inclusive, um script de R para coleta, tratamento e visualização automatizada desses dados em nosso Curso de Análise de Conjuntura usando o R. O script torna bem mais simples a tarefa de lidar com esses dados.
Para ilustrar, suponha por exemplo que você queira ter acesso às expectativas de inflação um mês à frente. Isto é, a inflação projetada pelos agentes para o mês . Fazer isso na mão vai dar um trabalho danado, porque você vai ter que pegar os dados em excel no banco central, para cada 2 anos, depois empilhar esses dados e por fim colher a expectativa para o tal mês .
No R, contudo, a coisa fica mais simples. Para começar, podemos pegar os dados diretamente do site para o RStudio com o pacote rbcb. Depois, usando alguns pacotes como o dplyr e o lubridate, que são ensinados no nosso Curso de Introdução ao R para Análise de Dados, nós podemos tratar os dados que obtivemos, tendo acesso apenas às expectativas de inflação para o mês . E isso com poucas linhas de código, como ilustramos abaixo.
Pronto! Temos o objeto expectativa - um tibble - que contém os meses e o valor da expectativa média para o mês . Com essa informação, podemos verificar se os agentes são viesados em suas projeções. Para isso, nós precisamos pegar a inflação efetivamente observada, também utilizando o pacote rbcb. De posse desse dado, basta construirmos o erro de previsão e gerar um gráfico como abaixo.
Se regredirmos esse erro de previsão contra um intercepto, vamos verificar que há uma subestimação da inflação mensal de 6 pontos-base por parte dos agentes do boletim Focus, na amostra que consideramos - um total de 240 observações. O resultado, diga-se, está em linha com o working paper 227 do próprio Banco Central.
Na semana passada, mostrei como coletar e tratar os dados do boletim Focus do Banco Central sobre expectativas de mais de 100 instituições a cerca de diversas variáveis macroeconômicas. Essa análise do boletim Focus conta, inclusive, com um script de R no nosso Curso de Análise de Conjuntura usando o R. De fato, tenho o costume de toda segunda-feira dar uma olhada nos principais pontos do boletim e divulgar um comentário aqui, no blog da AM.
O painel acima, construído com o pacote gridExtra, contém as expectativas para o PIB, IPCA, taxa de câmbio e taxa Selic em 2020. Os últimos referem-se ao final do ano. Como é possível observar, o mínimo das projeções para o PIB estão em -6%, enquanto a média situa-se em -3,41%. Gradativamente, diga-se, há uma convergência nas projeções, com uma redução do desvio-padrão, ainda que esse permaneça em nível elevado.
As projeções médias para a inflação em 2020 situam-se em 2,16%, com previsões mínimas em torno de 0,95% e máximas próximas a 3,71%. Em outras palavras, a projeção máxima para a inflação esse ano está abaixo da meta.
Já o câmbio médio esperado para o final do ano é de 4,86 R$/US$, com máximo cravado em 6 R$/US$ e mínimo cravado em 4 R$/US$.
Com efeito, a média do mercado espera uma taxa básica de juros de 2,94% no final do ano, com mínimo em 1% e máximo em 4,5%.
As expectativas do Focus mostram assim a forte deterioração no ambiente econômico como consequência da pandemia do coronavírus.
(*) Isso e muito mais você aprende em nosso Curso de Análise de Conjuntura usando o R.