Como foi o impacto da 2ª onda da pandemia sobre o nível de atividade?

No ano passado, de modo a inferir o que poderia ocorrer com o PIB em 2020 por causa da pandemia, fiz um exercício da relação entre o mesmo e o Consumo de Energia. Os resultados encontrados sugeriam que a elasticidade entre uma série e outra era de 1,1, indicando que os estragos no nível de atividade seriam grandes, visto o que estava ocorrendo com o consumo de energia. Nesse Comentário de Conjuntura, nós analisamos novamente a série de consumo de energia, disponível na ONS, de modo a vislumbrar o que ocorrerá com o nível de atividade no primeiro trimestre, dada a 2ª onda da pandemia no país.

Membros do Clube AM, por suposto, têm acesso a todos os códigos desse exercício.

Os dados do Consumo de Energia podem ser obtidos no site da ONS. A seguir, colocamos os dados da carga de energia, em MWmed e a tendência da série, obtida através de uma decomposição STL.

Os dados revelam que, de fato, houve um vale na tendência da série em 2020, seguido de uma recuperação no final do ano, que permaneceu em 2021. O mesmo comportamento pode ser visto nos dados mensalizados, quando colocamos a carga contra a carga com ajuste sazonal.

Os dados na margem do IBC-Br, o índice de nível de atividade do Banco Central, corroboram a ideia de que houve crescimento ao longo dos primeiros dois meses do primeiro tri de 2021. A tabela abaixo ilustra.

Índice de Nível de Atividade do Banco Central
Data IBC-Br IBC_sa Margem Interanual Trimestral Anual
2020-09-01 137.06 135.40 1.68 -0.89 8.20 -3.56
2020-10-01 139.45 136.94 1.14 -2.31 6.57 -3.94
2020-11-01 138.01 138.03 0.80 -0.60 4.65 -4.06
2020-12-01 139.69 139.11 0.78 1.56 3.63 -4.00
2021-01-01 132.90 140.85 1.25 -0.53 3.08 -4.05
2021-02-01 135.96 143.24 1.70 0.98 3.13 -4.02

A incógnita fica, evidentemente, sobre o mês de março, quando houve uma série de restrições nos Estados, por conta do avanço da 2ª onda da pandemia no país. Dando um zoom sobre os últimos dados do consumo de energia, observamos um comportamento de normalidade na série, considerando o ajuste sazonal.


A verificar o que, de fato, ocorreu com o PIB no primeiro tri de 2021, mas tudo indica que o buraco vai ser bem menor do que o de 2020. Tudo isso, claro, considerando que o organismo econômico aprendeu a conviver com a pandemia, principalmente pela adesão em massa da economia ao e-commerce. O impacto sobre o nível de atividade, se houve, fica restrito aos meses de março e abril, mas nada comparável ao que houve no ano passado.

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(*) O exercício entre consumo de energia e PIB pode ser visto aqui.

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