A economia brasileira passou os últimos três anos por uma intensa agenda de reformas. Foram debatidos e aprovados temas polêmicos como o Teto de Gastos, a nova taxa de juros dos empréstimos do BNDES [a TLP], o cadastro positivo, a reforma da previdência e, mais recentemente, o novo marco regulatório do saneamento.
Ainda que estejamos longe de voltar a gerar `superávits primários` nas contas públicas, ponto de fragilidade da conjuntura recente, essa intensa agenda sinaliza um caminho de crescimento econômico mais virtuoso e sustentável.
Em outras palavras, do ponto de vista doméstico, o Brasil está pronto para experimentar uma retomada mais forte no ciclo econômico capaz de *fechar* o hiato do produto deixado pela grande recessão de 2014-2016. A seguir, trazemos alguns indicadores que apontam nessa direção.
As sondagens da Fundação Getúlio Vargas mostram uma recuperação nos últimos anos. Ainda que esses indicadores não possam servir como parâmetro para antecipar uma recuperação dos índices de consumo e produção, o que se observa é que não há nenhum empecilho no lado das expectativas dos consumidores e dos empresários que comprometa uma retomada mais forte do crescimento econômico.
As reformas feitas nos últimos anos, por seu turno, tiveram um impacto considerável sobre o risco-país, como mostra o gráfico acima. Essa redução do risco é um sinal importante para que investimentos estrangeiros voltem ao país.
Houve na ponta também uma redução dos níveis de incerteza, como mostra o gráfico acima. Mesmo que o índice ainda permaneça acima da média histórica, essa redução na margem reflete um melhor ambiente doméstico e deve afetar positivamente decisões de consumo e investimento nos próximos meses.
Em relação ao crédito, observa-se uma expansão nos últimos meses, tanto no segmento pessoa física quanto no de pessoa jurídica. O gráfico acima mostra os dados deflacionados e dessazonalizados. Um ponto relevante sobre o crédito é que o crédito livre tem mostrado avanço maior do que o crédito direcionado, algo saudável para o mercado de crédito.
Por fim, mostramos que também houve um avanço no rendimento médio real.
E também na massa de rendimentos, como mostra o gráfico abaixo.
Em suma, os dados mostram que as condições para uma aceleração na retomada cíclica da economia estão dadas. Como ressalva, há de se mencionar apenas dois aspectos. O primeiro é uma parada súbita na agenda de reformas, em particular, na agenda fiscal, que busca ampliar as desvinculações no Orçamento. O segundo é o cenário externo, que sempre pode jogar contra a retomada cíclica da economia brasileira.
Ambos os fatores podem aumentar a incerteza, abortando precocemente as reações no consumo e no investimento, os dois vetores mais importantes no momento para a retomada do crescimento.
O cenário-base, contudo, é que haja uma continuação da agenda reformista e que o cenário externo se mantenha estável, sem maiores impactos para a economia brasileira.
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