525 pontos-base depois...

Pois é, leitor. Foi essa a redução total da taxa básica de juros, de agosto do ano passado até outubro último. A pergunta que fica: quanto a economia vai reagir?

Por enquanto, não muito. A reação tem sido dificultada pelo endividamento das famílias e pelas expectativas contaminadas pela crise externa. O ambiente não é benéfico para se projetar crescimento de 4% para 2012, por exemplo. A mediana das projeções deve começar a cair a partir de agora, estacionando em no máximo 3%. Mas isso, entretanto, não garante convergência da inflação, dado que estamos em uma situação de baixa taxa de desemprego. Ou seja, o mais provável é que tenhamos dificuldades de cumprir a meta de inflação e conviver com um crescimento nada estimulante em 2013. Um cenário nada animador para quem acabou de fazer uma senhora redução na taxa básica de juros e possui eventos importantes já a partir do ano que vem.

Já estamos roucos de dizer, mas como é preciso incutir por repetição: é preciso destravar a Oferta Agregada. Fazer as reformas estruturais, melhorar o ambiente de negócios, voltar a tornar a política econômica previsível etc, etc. A demanda está mostrando os limites. É possível que ainda haja algum espaço para que os incentivos monetários e fiscais gerem algum crescimento, dados os eventos que estão por vir. Mas, novamente, em um ambiente de pleno emprego, isso vai gerar algum ajuste no organismo econômico. Para que isso não nos faça voltar ao ritmo de stop and go do passado é preciso destravar a agenda, construindo sustentabilidade para o atual ciclo. Sem isso, voos de galinha estão no horizonte de crescimento dessa década.

 

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